O Marxismo de Sylvia Pankhurst
Nildo Viana
Estelle Sylvia Pankhurst foi uma militante do início do século 20 e que participou da social-democracia dissidente, no mesmo período que Rosa Luxemburgo, Anton Pannekoek, Herman Gorter e outros. Pankhurst nasceu em Manchester, em 05 de maio (tal como Marx) de 1882, filha de um dos líderes do Partido Trabalhista. Ficou mais conhecida por sua militância a favor dos interesses das mulheres e por ter sido taxada de “esquerdista” por Lênin, em seu malfadado livro. Em seu período após o rompimento com sua mãe e irmã, 1913, Emmeline e Christabel, adeptas de um feminismo liberal, Pankhurst foi se aproximando das tendências esquerdistas, especialmente Gorter e Pannekoek, também atacados por Lênin na referida obra.
Pankhurst foi uma das mais ativistas “sufragettes”, e sua aproximação com o movimento socialista fez articular reivindicações femininas e proletárias, fundando a Federação do Oeste de Londres, o que gerou rompimento com sua mãe e irmã. Pankhurst abandonou a Faculdade de Artes para exercer sua prática política.
Ela se torna uma das principais representantes da esquerda extra-parlamentar na Inglaterra, ao lado de Guy Aldred e outros. A sua produção se inicia no interior da social-democracia, fazendo parte de sua ala dissidente e a partir de 1914 ela passa a trocar correspondências com Lênin e ala esquerda da social-democracia, participando da ruptura que geraria os partidos comunistas. Porém, logo começa a haver uma nova divisão no interior dos partidos comunistas, que geraria sua própria negação, o comunismo de conselhos em oposição ao comunismo de partido. Nesse processo, os embates na III Internacional dominada pelo bolchevismo com as tendências esquerdistas da Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, vai ser uma das determinações da ruptura, que contou também com a publicação do livro de Lênin atacando o esquerdismo e as ações repressivas na Rússia que começava a chamar a atenção para o seu verdadeiro caráter, o que chegava aos esquerdistas via oposição dentro do próprio bolchevismo (os três grupos dissidentes na Rússia, Centralistas Democráticos, Comunistas de Esquerda e Oposição Operária, além dos grupos fora do partido, como Verdade Operária, de Bogdanov, e Grupo Operário, de Miasnikov).
Quadro de Sylvia Pankhurst sobre sua amiga na prisão |
Ela se torna uma das principais representantes da esquerda extra-parlamentar na Inglaterra, ao lado de Guy Aldred e outros. A sua produção se inicia no interior da social-democracia, fazendo parte de sua ala dissidente e a partir de 1914 ela passa a trocar correspondências com Lênin e ala esquerda da social-democracia, participando da ruptura que geraria os partidos comunistas. Porém, logo começa a haver uma nova divisão no interior dos partidos comunistas, que geraria sua própria negação, o comunismo de conselhos em oposição ao comunismo de partido. Nesse processo, os embates na III Internacional dominada pelo bolchevismo com as tendências esquerdistas da Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, vai ser uma das determinações da ruptura, que contou também com a publicação do livro de Lênin atacando o esquerdismo e as ações repressivas na Rússia que começava a chamar a atenção para o seu verdadeiro caráter, o que chegava aos esquerdistas via oposição dentro do próprio bolchevismo (os três grupos dissidentes na Rússia, Centralistas Democráticos, Comunistas de Esquerda e Oposição Operária, além dos grupos fora do partido, como Verdade Operária, de Bogdanov, e Grupo Operário, de Miasnikov).
Lênin condenava Pankhurst por seu antiparlamentarismo e por sua posição de princípios que dificultava a união de quatro grupos/partidos em um Partido Comunista. Nessa época, Pankhurst já havia aderido ao antiparlamentarismo e seu grupo Federação Socialista Operária resistia em fazer a fusão com os três outros grupos por considerar dois deles no caminho do oportunismo. Lênin, por sua vez, queria que fizessem aliança até com as tendências reformistas declaradas e institucionalizadas. Com o passar do tempo e as experiências, Pankhurst rompe com o bolchevismo (e, portanto, com o recém formado Partido Comunista Inglês) e o periódico que coordenava, Workers Dreadnougth, começava a questionar a NEP – Nova Política Econômica e o fortalecimento do capitalismo de Estado na Rússia. O rompimento com a III Internacional foi inevitável, e Pankhurst acusou ela de ser braço direito do governo bolchevique para controlar os partidos comunistas nacionais.
Cada vez mais Pankhurst irá colocar os sovietes (conselhos operários) como o centro de sua concepção política, o que foi provocado tanto pela emergência de conselhos em vários países em variadas tentativas de revoluções proletárias no final da década de 1910 quanto pela produção teórica da esquerda germano-holandesa, representada principalmente por Pannekoek, Gorter e Rühle e por isso em Workers Dreadnought, agora editado pelo Grupo Comunista de Trabalhadores, publicava materiais do KAPD e KAI, Partido Comunista Operário da Alemanha (um partido que, segundo seus próprios documentos, “não é um partido propriamente dito”), IV Internacional dos Trabalhadores (em oposição à III Internacional, que nada tem a ver com a IV Internacional posterior criada pelos trotskistas). Sua concepção dos conselhos era limitada, pois pensava-os como sendo apenas conselhos de fábrica e por isso buscava complementá-los com conselhos educacionais, de saúde, de donas de casa. Posteriormente, ela entenderia que os sovietes possuía uma base territorial que articulava diversos conselhos de fábricas e outros conselhos. Ela passa a criticar o capitalismo estatal russo e criticava a ideia de fingir que o regime russo fosse comunista. A ditadura do proletariado era apenas um nome utilizado pela cúpula burocrática do partido para dominar a classe trabalhadora.
Livro de Shirley Harrison: "Sylvia Pankhurst: Cidadã do Mundo" |
Sylvia Pankhurst morava com o socialista italiano Silvio Corio e recusou-se a casar com ele, negando o “contrato de casamento”, mesmo depois do nascimento do seu filho, Richard Pankhurst, o que provocou o rompimento definitivo com sua mãe, Emmeline Pankhurst. Após a Segunda Guerra Mundial direcionou suas preocupações para o colonialismo na Etiópia, para onde acabou mudando e onde morre com 78 anos de idade em 1960, deixando poucas obras escritas, a maioria artigos, sendo que sua última obra foi sobre A História Cultural da Etiópia, mas produziu outras obras ligadas mais diretamente com sua concepção política, tais como A Rússia Como eu a Vi; O Movimento Sufragista, e vários artigos reunidos em Marxismo Não-Leninista: Escritos Sobre os Conselhos Operários, contendo um dos seus principais textos, A Tática Comunista, nenhum possuindo edição portuguesa. Infelizmente suas obras e ações são ainda pouco conhecidas fora da Inglaterra, mas faz parte do processo de luta cultural pela transformação social resgatar suas obras.
Esse texto é um breve resumo do artigo “Sylvia Pankhurst e o Esquerdismo Inglês”:
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Sylvia Pankhurst e o Esquerdismo Inglês
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Sylvia Pankhurst e o Esquerdismo Inglês
Puxa, como sempre surpreendendo!
ResponderExcluirAle´m de críticas inesperadas, resgate de autores e concepções pouco conhecidas!
Parabéns! Continua assim!!
Felipe Mendes
Grato, Felipe Mendes!
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