Para Uma Leitura Não-Dogmática
Nildo Viana
A leitura é sempre mediada pelos valores, sentimentos, concepções que o indivíduo leitor possui. Estes criam uma predisposição mental para concordâncias e discordâncias, para maior ou menor concentração e interesse, para identificações, etc. Enquanto os valores e sentimentos são mais resistentes a um processo de transformação e ampliação, o processo de desenvolvimento da consciência (informações, concepções, etc.) pode continuamente se ampliar e aumentar seu peso no condicionamento da leitura. Esse é um processo natural e, dependendo de qual base valorativa e sentimental um indivíduo possui, facilita ou dificulta o desenvolvimento da consciência em geral. Da mesma forma, o desenvolvimento de mais leituras, experiências, etc. tendem a permitir um maior desenvolvimento da consciência. Porém, sempre é possível haver contradição no conjunto de valores e sentimentos que o indivíduo possui, e estas também podem entrar em contradição com suas concepções. Isto também é algo bastante comum e a autoformação e auto-crítica são elementos que ajudam no processo de superação destas contradições num sentido de fazer avançar a consciência*.
Neste contexto, uma contradição relativamente comum se encontra naqueles que aderem ao pensamento revolucionário. Tendo em vista que ninguém nasce revolucionário, torna-se revolucionário, para parafrasear Simone de Beauvoir, embora noutro contexto, já que nascemos e somos socializados para reproduzir a sociedade existente e não para transformá-la, então é preciso compreender o processo de emergência do pensamento revolucionário. Alguns indivíduos chegam ao pensamento revolucionário devido aos fortes valores e sentimentos humanistas aliado com o desenvolvimento de sua consciência. Outros chegam até ele através de um desenvolvimento da consciência que inclui um acesso à tradições revolucionárias que reforça determinados valores e sentimentos e assim também realiza uma adesão a ele. De qualquer forma, o pensamento revolucionário surge prioritariamente por desencadeamento de acesso ao pensamento revolucionário pré-existente, com maior ou menor tendência anterior por parte do indivíduo, pois mesmo quando este, por questões valorativas/sentimentais já esboçava um pensamento revolucionário, não pode ter uma concepção mais profunda a partir de si mesmo e por isso tem que procurar no pensamento existente as bases para pensar criticamente a realidade e sua transformação. Assim, há sempre um ponto de partida, que pode ser mais fundado em elementos do universo psíquico do que em outros (valores/sentimentos ou desenvolvimento da consciência).
A questão é que os valores/sentimentos ou mesmo a filiação a alguma tradição revolucionária pode criar certa rigidez no pensamento e atitudes de determinados indivíduos e isto pode gerar dogmatismo. O dogmatismo, por sua vez, pode ser um obstáculo para leituras mais adequadas e corretas e para o desenvolvimento de uma consciência correta da realidade. Porém, muitas vezes é difícil separar firmeza e convicção fundamentada de dogmatismo. Por isso, muito que aparece como dogmatismo é, na verdade, apenas uma convicção fundamentada em várias leituras, reflexões, que se consolidaram e possuem toda uma base explicativa e de fundamentação (mais ou menos ampla, mais ou menos profunda, dependendo do indivíduo).
Como então distinguir entre dogmatismo e convicção fundamentada? A distinção ocorre quando as afirmações, conclusões, análises, textos, de determinado indivíduo tem ou não fundamentação e a capacidade deste de rever quando sua fundamentação se mostra frágil (rever no sentido de concordar com aquele que refutou sua fundamentação ou então de perceber que sua fundamentação é insuficiente e por isso precisa aprofundar e desenvolver mais, o que é um incentivo para mais estudos, leituras e desenvolvimento da consciência, o que, num debate, o primeiro caso significa fazer auto-crítica e no segundo buscar a anticrítica, ou seja, aceitar que o outro debatedor possui razão ou que não tem condições de continuar e irá retornar posteriormente). Claro que isto é dificultado na sociedade moderna, cuja mentalidade produz valores e sentimentos adequados para reproduzir a sociabilidade capitalista, especialmente, para o caso aqui tratado, a competição, que ocorre nas disputas intelectuais e divergências políticas. Assim, ninguém quer ser "perdedor" e tudo é uma competição, o que importa é vencer. Porém, pensando em indivíduos revolucionários, que terão menor influência da competição em sua mentalidade, este risco é menor, bem como o debate tende a ser mais civilizado. No caso de debates com pessoas não-revolucionárias, o que significa que possuem a predominância de uma mentalidade burguesa, então a situação é diferente, mas não é o caso aqui abordado. Assim, a fundamentação e a capacidade de auto-clarificação intelectual caracteriza um indivíduo não-dogmático. Claro é que o grau de fundamentação e de auto-clarificação intelectual vai variar dependendo do indivíduo (formação, idade, condições de leitura e estudos, etc.).
Depois destes esclarecimentos iniciais, podemos agora partir para a questão da leitura dogmática e não-dogmática. Lembrando que o dogma é um ponto de partida não questionado e inquestionável, então uma leitura dogmática será aquela que impede determinadas reflexões e questionamentos. Uma leitura não-dogmática, por sua vez, é aquela que permite o desenvolvimento de reflexões e questionamentos, possibilita uma crítica desapiedada do texto, entre outros elementos. Um leitor dogmático de Marx irá considerar seus livros como "obra sagrada", inquestionável e que se este autor disse algo, isto não está em questão. Marx disse, está dito. E é verdade. O exemplo de Marx é apenas um entre milhões, embora ele tenha maior possibilidade de permitir isso, devido sua extensa e de alta qualidade produção teórica. A sacralização de obras ou pensadores é um dos principais obstáculos para o avanço da consciência e é expressão de uma consciência fetichista. É o processo bastante comum em nossa sociedade, na qual há o predomínio da acomodação sobre a assimilação (cf. Práxis, Alienação e Consciência). Um leitor não-dogmático irá ler Marx e, caso haja convergência perspectival entre o leitor e autor (o que pressupõe, no caso de Marx, que seja alguém de consciência revolucionária), como um pensador que expressa uma determinada perspectiva que é compartilhada e que abre amplos horizontes para a compreensão da realidade social, mas que não é a "verdade revelada", também pode ter equívocos, falhas, lacunas, etc., como toda produção intelectual humana, pois, apesar de sua excepcionalidade intelectual derivada de sua base valorativa/sentimental e seu processo histórico de vida, além do imenso processo de pesquisa que ele realizou, ele não era infalível. Além disso, é preciso contextualizar historicamente o autor, pois na época em que um autor escreveu, as relações sociais eram outras e assim o que era justificável para um pensador revolucionário naquela época, pode não sê-lo hoje. Claro que este é o caso daqueles pensadores que julgamos revolucionários e não outros que podem ser considerados com maior cuidado e menos confiança.
Antes de prosseguir, é necessário deixar evidente que existem formas diferenciadas de dogmatismo. A citada acima é apenas uma. Existe uma outra forma, na qual o leitor dogmático não só pensa que o autor sempre tem razão, mas como parte de um outro dogma anterior à leitura e ao autor e assim o interpreta para confirmar o dogma (talvez movido pela necessidade de possuir uma "autoridade" para confirmar aquilo que pensa e por uma rigidez mental oriunda de seu processo histórico de vida). Este é o caso, por exemplo, de um leitor que busca encontrar em Marx e no comunismo de conselhos uma posição anti-estatista. Porém, a leitura dominante de Marx é a de que ele é um estatista. Ao encontrar um debatedor que afirma que Marx não é estatista, ele passa então a defender esta tese partindo das indicações, textos, etc. fornecidos pelo debatedor. Porém, após isto, este leitor dogmático irá encontrar em Marx apenas textos anti-estatistas, e os que não o são, são interpretados mesmo que de forma absurda para sustentar sua tese, tal como pensar que o Manifesto Comunista era um texto que tratava da Revolução Burguesa... O tipo de raciocínio por detrás disso, que provoca uma espécie de incapacidade mental de análise correta, é que Marx era revolucionário e muito inteligente e por isso não poderia ter sido estatista** e assim troca a leitura pela pressuposição fundada em um dogma.
Assim, algumas indicações para uma leitura não-dogmática podem ser feitas no sentido de prevenir aqueles que são bem intencionados e buscam expressar a perspectiva do proletariado (revolucionário e não "empírico", que fique claro), no sentido de evitar leituras dogmáticas. A primeira questão é ter a compreensão de que qualquer pensador, desde o mais brilhante ao menos talentoso, são seres humanos, logo, são falhos, equivocados, não possuem acesso a todas as informações existentes, possuem contradições, pressões externas, estão inseridos num determinado contexto histórico, estão submetidos a determinadas relações, realizam omissões (claro que em graus diferenciados dependendo dos objetivos, coragem, etc., do referido pensador, pois a questão da religião, por exemplo, pode simplesmente ser omitida ao não ser considerada de fundamental importância para o processo de transformação social e seria "impopular" ou criaria obstáculos um ataque direto à religiosidade), enfirm, estão marcados por sua história e pela sociedade em que vivem, mais ou menos, dependendo do autor. Marx é um caso exemplar. Todos sabem que ele era um pensador excepcional, não por "nascimento" ou qualquer "dom" especial e sim por alguns elementos básicos que permitiram a ele desenvolver uma contribuição teórica de grande porte. Isto foi derivado de seu processo histórico de vida, que contribuiu para que ele desenvolvesse determinados valores, sentimentos e concepções que formaram as bases de seu pensamento. A partir desta base, ele buscou expressar teoricamente (e conscientemente) a perspectiva do proletariado. Este foi um dos elementos fundamentais para que ele realizasse sua produção teórica. Outro elemento foi sua intensa pesquisa, que reunia toda uma gama de produção intelectual de sua época e anterior, em diversos anos de estudos. Também é necessário lembrar que o tempo dedicado a leitura e reflexão, na época de Marx, era incomparavelmente maior do que hoje. Basta lembrar que naquela época não existia televisão, rádio, internet, etc. e que a leitura era um das atividades mais constantes que existia e, no caso dele, que ocupa, certamente, várias horas diárias. É por isso que ele fez um manuscrito sobre matemática, pois sua capacidade de leitura e reflexão lhe permitia não ser um mero especialista em alguma ciência qualquer. Porém, muita coisa que ele escreveu pode ter problemas e efetivamente tem. Apesar de toda sua base, inclusive metodológica, ele podia se equivocar e isso ocorreu algumas vezes. Sua posição sobre a questão da greve, por exemplo, foi equivocada. Suas análises sobre a democracia continham diversos problemas, mas, na época em que escreveu (daí a importância da contextualização histórica numa leitura não-dogmática), na qual predominava a democracia censitária (cf. Estado, Democracia e Cidadania) então não havia como julgar que ele deveria analisar a democracia partindo que ela se transformou posteriormente e que hoje sabemos, mas ele não.
Assim, uma leitura não-dogmática deve partir, em primeiro lugar, da possível falibilidade dos pensadores, mesmo entre os melhores. Porém, isso também não é motivo para se criar um dogma contrário no sentido de partir do pressuposto da falibilidade do pensador. As falhas e acertos de um pensador devem ser percebidas no processo concreto dos seus textos e sua relação com a realidade social e não em algum pressuposto anterior à leitura e pesquisa de sua correspondência com a realidade.
Outro elemento de uma leitura não-dogmática é a contextualização histórica, tal como já colocamos anteriormente. A contextualização histórica é fundamental em vários casos. Ela é importante para a compreensão do que o autor quis dizer mais exatamente. Mas no caso da leitura não-dogmática, a questão fundamental é compreender o contexto social e cultura no qual ele produziu suas obras e não fazer uma leitura transhistórica, exigindo do autor que escrevesse, na época em que escreveu, posicionamentos que são os de hoje e que não existiam outros na época. Tomemos um exemplo. Karl Korsch, em Marxismo e Filosofia, ao delimitar as três fases do marxismo, coloca Lênin, ao lado de Rosa Luxemburgo, como representante da terceira fase, na qual o marxismo retomaria seu caráter revolucionário. Hoje, há muitas críticas ao leninismo e seu fundador. Atualmente, Lênin pode ser caracterizado como um ideólogo da burocracia. Porém, naquela época, ninguém (talvez com a exceção de Makhaisky, amplamente desconhecido fora da Rússia...) e a oposição bolchevique ou contra o bolchevismo, também quase inacessível, é que questionavam de forma mais radical as concepções e práticas de Lênin. Ler hoje Korsch e condená-lo é um equívoco pela falta de percepção deste contexto. O Lênin que aparecia era o autor de O Estado e a Revolução e que defendeu a palavra de ordem "todo o poder aos sovietes (conselhos operários)" e os meios de comunicação da época não permitiam maiores contatos e informações. Isto tanto é verdade que posteriormente, em sua anticrítica, Korsch irá reavaliar Lênin e retirá-lo da posição que lhe havia atribuído.
O mesmo vale para uso de palavras, que em determinada época (ou idioma, o que provoca o problema das traduções) possui um significado e em outra tem outro. Por isso a compreensão histórica do contexto social e cultural é fundamental. É difícil, por exemplo, entender certas posições de certos autores não sabendo por qual motivo ele radicaliza determinadas concepções. Para um leitor do futuro de obras atuais, caso não compreenda este contexto, não conseguirá avaliar corretamente o caso daqueles que, na ânsia de superar o bolchevismo, acabam se colocando contra as tentativas de organização e articulação de grupos revolucionários e qualquer intervenção nas lutas sociais. Para compreender isso mais adequadamente, seria necessário entender o contexto histórico, social, cultural, marcado, por um lado, pela queda dos regimes capitalistas estatais que deixaram de ser referência, o que permitiu uma ampliação da crítica a estas experiências, desmoralização do bolchevismo (devido a este processo e também às práticas dos partidos que reivindicam desta posição), e, por outro, a ampliação da influência da ideologia pós-estruturalista ("pós-moderna"), o renascimento do anarquismo e outras tradições revolucionárias não ou anti leninistas, etc. criando toda uma cultura em choque com o bolchevismo, promovendo assim o desejo de ser o contrário do que ele era, em vários sentidos. Isto faz com que inclusive ex-bolcheviques condenem qualquer tentativa de organização mais estruturada e articulação de grupos revolucionários (e aí entra também a leitura dogmática de determinadas tradições que apontam para a crítica da organização, descontextualizando-a). Sem a compreensão deste contexto, então não há como entender estas teses e sua gênese.
Outro aspecto de uma leitura não-dogmática é compreender o processo de formação e desenvolvimento do pensamento de um autor. Tomemos o exemplo de Anton Pannekoek (e poderia ser o de Korsch ou qualquer outro). Pannekoek não "nasceu revolucionário", tal como nenhum indivíduo. Então é preciso, na leitura de suas obras, entender o seu processo de encadeamento e desenvolvimento. Assim, tomar obras como Marxismo e Darwinismo ou As Divergências Táticas no Interior do Movimento Operário, sem entender que nesse período ele se inseria na social-democracia (de forma dissidente, mas ainda no seu interior, não ultrapassando certos limites oriundos de tal inserção), é um equívoco. Obviamente que, para alguns, que não concordam com o desenvolvimento posterior do seu pensamento (sua chegada ao comunismo de conselhos) então a referência descontextualizada a estas obras não é problemática e ainda gera confusão para os que possuem outro posicionamento e não tem a percepção desta diferenciação. Assim, Pannekoek se torna pouco compreensível e muitos pensam que ele sempre foi "comunista conselhista" e usam tais obras como se fosse expressão de tal posicionamento, algo sem sentido, já que a emergência do comunismo de conselhos e da posição definitiva de Pannekoek, só ocorrerá aproximadamente uma década depois.
Um outro elemento fundamental para evitar as leituras dogmáticas é a leitura de autores possuem maior credibilidade com alguns leitores, seja devido a convergência perspectival (ou seja, convergências de perspectivas, devido valores, sentimentos, concepções, que, no fundo, expressam classes sociais determinadas), seja devido a fama ou status social (e outros motivos poderiam ser adicionados, de forma independente ou complementar, tal como qualidade teórica da produção, amplitude, etc. ou outras mais fetichistas, como o número de páginas - obras volumosas impressionam mais... – ou a capa do livro...), devem ser avaliados de forma crítico-revolucionária, de acordo com um espírito libertário, sendo que o fundamental é a questão do compromisso do leitor com a emancipação humana. Se o autor tem tal compromisso, é um ponto positivo, mas o leitor deve saber que mesmo o melhor pensador, é falho, escreve num determinado contexto, possui contradições pessoais e pressões sociais, etc., e, portanto, não é infalível e que o grande critério não é se autor A, B ou C disse isso ou aquilo e sim se isto corresponde à realidade e contribui com a libertação humana. Se sim, ótimo enquanto ainda for assim. Se não ou se deixar de sê-lo, então a crítica deve ser a resposta aos textos que revela esta contradição com a realidade ou abandono do compromisso libertário.
Uma leitura rigorosa é importante para evitar a leitura dogmática. Quanto mais rigor houver na leitura, menos os dogmas do leitor irão interferir na interpretação e menos as obras irão confirmar o que se quer ver ao invés de ver o que está efetivamente lá, seja algo positivo ou negativo. Alguns evitam certos trechos ou afirmações de alguns autores para preservar uma imagem "santificada" do autor, como se um equívoco fosse algo gravíssimo ou então uma afirmação contrária ao que se pensa fosse desabar seu dogma e não teria mais para quem apelar. A leitura rigorosa pressupõe a reconstituição do pensamento do autor em seus detalhes e estrutura própria, a percepção semântica do significado das palavras e conceitos utilizados, uma percepção de sua totalidade e partes constituintes em suas relações, etc.
Obviamente que isto poderia ser complementado com outras sugestões e ideias. Este texto poderia ser enriquecido e ampliado. Porém, o autor destas linhas, leitor de inúmeros outros autores e autor também, sabe que isso é impossível no atual momento, uma manhã de domingo, em situação de cansaço derivada de situação anterior e com compromissos urgentes para concluir e, portanto, com tempo limitado, e por isso apenas esboça uma contribuição que outros, com melhores condições, podem corrigir, aprofundar e melhorar (este é um elemento que muitos leitores não sabem e não buscam entender, inclusive distinguir, por exemplo, o significado de um texto de uma carta de Marx e de O Capital, ou seja, que a posição mais refletida, estruturada e que expressa melhor a perspectiva do autor está nas obras mais amadurecidas e não em pequenos textos marcados por determinada conjuntura e condições de elaboração). Um pontapé foi dado e ao abrir possibilidades de reflexões, contribui de alguma forma e esta foi a intenção. O resto é com o leitor.
* É claro que os valores, sentimentos, concepções, são constituídos socialmente e possuem em sua base as relações sociais nos quais os indivíduos vivem, sendo que a classe social de pertencimento é um aspecto fundamental e que provoca tendências no sentido de determinada formação de mentalidade, e há a mentalidade dominante, que se dissemina até nas classes exploradas.
** Em certo sentido, Marx não era "estatista", mesmo antes da Comuna, mas não é algo tão evidente e claro assim, e que somente leituras rigorosas e análises profundas podem deixar isso claro, bem como imprecisões e afirmações que fornecem elementos de "estatismo". Porém, o problema maior está na leitura forçada para que a imagem do autor seja tão perfeita na realidade como é na imaginação do leitor dogmático.
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