Capitalismo e Cinema*
Nildo Viana**
A relação
entre cinema e capitalismo pode ser observada por vários aspectos. O primeiro
aspecto seria a percepção de que o cinema é um produto do capitalismo e isto
está ligado ao processo de discussão sobre os meios oligopolistas de
comunicação, tal como é destacado por alguns autores[1].
Outro aspecto é como o capitalismo é reproduzido no cinema, ou seja, como os
filmes reproduzem as relações sociais do capitalismo, em aspectos mais
particulares ou mais amplos. Assim, o capitalismo produz o cinema e o cinema
reproduz o capitalismo e, dependendo do que se focaliza, irá se privilegiar o
processo social de constituição do cinema e das produções cinematográficas ou a
produção fílmica em si. Abordaremos brevemente estes dois aspectos.
O Capital Cinematográfico, ou o a Produção Capitalista do Cinema.
A forma de
abordar a questão do cinema enquanto um processo de produção cultural sempre
remete aos termos “indústria cultural” e “indústria cinematográfica”. Estes
termos, no entanto, são problemáticos, pois a idéia de indústria é
relativamente “neutra”, focando mais a forma do que os elementos essenciais do
processo de produção, que é capitalista. O mais adequado é trabalhar com os
conceitos de capital comunicacional (Viana, 2008) e capital cinematográfico
(Viana, 2009a). O capital cinematográfico é muito pouco compreendido, assim
como a chamada “indústria cultural” em geral. Existem duas concepções da
indústria cultural que influenciam a concepção referente ao capital cinematográfico,
chamado como “indústria cinematográfica”.
A primeira concepção
é apologética, caracterizada por buscar exaltá-la e colocar que ela é expressão
do público ou da realidade; a segunda concepção é chamada por alguns de
“apocalíptica”, e se caracteriza por considerar a “indústria cultural” como um
sistema de dominação ligado aos interesses capitalistas. Ambas as concepções
são equivocadas, embora a última esteja mais próxima da realidade.
Sem dúvida, o
capital comunicacional reproduz os valores e concepções dominantes e visa o
lucro acima de qualquer outra coisa. No entanto, existem contradições no
interior dão capital comunicacional. Além dele não poder controlar tudo o tempo
todo, ele precisa garantir o lucro. A concepção por detrás da produção
cinematográfica tem uma importância menor que a necessidade do lucro. Por isso,
o capital comunicacional produz e divulga filmes, obras de arte, livros, etc.,
que são contrários aos interesses, valores, concepções do capitalismo. Por isso
existe a possibilidade de produção crítica no interior do capital
comunicacional.
Isto vale
também para o capital cinematográfico. Se existe público para filmes críticos,
então ela irá produzir tais filmes. Mas os filmes intencionalmente críticos são
poucos, pois não existe público tão grande assim para tais produções. Além
disso, os cineastas e agentes da produção cinematográfica podem fazer grandes
obras utilizando metáforas, sátiras, etc., e não ser percebido pelos dirigentes
do capital cinematográfico, que observarão apenas o retorno financeiro da
produção (ou, no caso de alguns, apenas seus aspectos técnicos ou a recepção do
público). Por último, cabe destacar que muitos produzem filmes que podem ser
interpretados como crítica do capitalismo sem que os seus produtores tivessem a
menor intenção disto.
Assim, o
capital cinematográfico não se esquiva de seguir o modelo capitalista e buscar
o lucro, mas suas contradições possibilitam esta produção crítica. Isto é tão
verdadeiro que até mesmo o capital cinematográfico é objeto de críticas por
parte de filmes, inclusive hollywoodianos. Podemos citar, neste contexto, alguns
filmes que realizam tal crítica do capital cinematográfico: Belíssima, Luchino Visconti (Itália,
1951); O Dia do Gafanhoto, de John Schlesinger
(EUA, 1975), O Mundo Proibido, Ralph
Bakshi (EUA, 1992); Cecil Bem Demente;
John Waters (EUA, 2000), e, principalmente, uma das grandes obras do cinema de
todos os tempos: O Crepúsculo dos Deuses,
Billy Wilder (EUA, 1950), a mais bem feita crítica a Hollywood.
A Reprodução Fílmica do Capitalismo, ou o Capitalismo na Tela
Existem
várias formas de reprodução fílmica do capitalismo, isto é, a reprodução do
capitalismo através do cinema. Podemos destacar, em primeiro lugar, o filme
como reconstituição histórica inintencional, ou seja, o filme, mesmo que seus
produtores não tenham a intenção, acaba reconstituindo a história de sua época,
ou seja, de determinado momento da sociedade capitalista. Porém, esta
reconstituição histórica inintencional é feita sob variadas perspectivas,
dependendo da época, agentes de produção e outros elementos envolvidos em
determinada produção cinematográfica. Outra forma é o filme que
intencionalmente pretende revelar elementos da sociedade capitalista. Este tipo
de filme é mais raro e é, geralmente, mais crítico e forte. Os seus agentes de
produção tentam expressar as relações sociais na sociedade capitalista e ao
fazê-lo, revelam seus problemas, contradições, limitações, conseqüências. Outra
forma de mostrar o capitalismo através do cinema é por intermédio da própria
história do cinema, isto é, através da sucessão de filmes que assumem
determinadas características, valores, posições, que são típicos da época e são
determinados pela lógica do desenvolvimento capitalista.
No entanto,
uma coisa é a intencionalidade dos agentes de produção do cinema, outra coisa é
a interpretação e significação que o público, os críticos e pesquisadores fazem[2].
Um filme produzido por quem não tem a menor intencionalidade crítica ou de
abordar o capitalismo pode ser considerado, pelo intérprete, como uma metáfora
do capitalismo. A proliferação de filmes de ficção científica que retratam um
futuro sombrio, pode ser interpretada como apenas uma manifestação ficcional da
realidade atual, isto é, do capitalismo. Isto decorre do fato de que o material
(a trama), os elementos constitutivos, a tecnologia e seu processo de produção,
e os agentes da produção (o diretor, os roteiristas e toda a equipe de
produção) respiram o capitalismo e são produtos do capitalismo, e, assim, o que
fazem em matéria de ficção é transportar a realidade da sociedade capitalista
para uma outra realidade que é sua reprodução sob outra forma. Até nos filmes
históricos, que buscam retratar outras épocas, a marca da sociedade capitalista
está presente, embora as roupas estejam fora de moda, as questões de fundo são
as da sociedade capitalista ou as da época interpretadas e apresentadas da
perspectiva de alguém que vive no capitalismo e não consegue escapar das
determinações oriundas disso.
Em síntese, existe
uma diversidade de formas de reproduzir o capitalismo no cinema, seja
focalizando o processo de trabalho, a vida dos trabalhadores, o desemprego,
seja focalizando as instituições, valores, efeitos psíquicos, da sociedade
capitalista. É possível uma reprodução da totalidade ou dos aspectos
fundamentais do capitalismo, como também de aspectos secundários ou
aparentemente desligados de seus elementos mais determinantes.
O Capitalismo no Cinema sob a Forma Naturalizante
O capitalismo
pode ser abordado sob várias formas no cinema. A mais comum é a descritiva,
isto é, o tipo de produção que apenas reproduz a sociedade existente. Se tal
descrição revela os seus problemas sociais, então assume um caráter que pode
ser considerado com intenção crítica; caso contrário, se focaliza questões
isoladas em si mesmas ou mesmo sem grande relevância social, ou apenas retrata
a sociedade burguesa como algo natural, então assume a feição apologética com
caráter naturalizante. O caráter descritivo significa que as posições daqueles
que fazem a descrição não são explícitas, são ocultadas, de tal forma que
aparenta uma neutralidade, o que, na verdade, não existe. Reproduzir a miséria
dos trabalhadores em um filme é mera descrição e isto pode ser considerado de
diversas formas (mas aqui o problema é da interpretação e não da mensagem
enviada), mas os produtores do filme tinham uma intencionalidade, que poderia
ser mostrar a situação precária de vida, naturalizar a miséria, denunciar a
superexploração.
Em cada uma
dessas opções, há uma perspectiva de classe e uma concepção do fenômeno,
inclusive posição política, não necessariamente partidária (ligada a partido
político, embora isso também ocorra com bastante freqüência). Aqueles que
querem denunciar a superexploração dos trabalhadores são os que estão
preocupados com o “excesso” e querem que alguém, o governo, por exemplo, tome
alguma providência. Já os que, de forma malthusiana, querem naturalizar, querem
apenas dizer que a vida é assim mesmo e por isso é preciso ver esta realidade e
deixá-la de lado, pois é preciso se preocupar com outras coisas. Os que querem
mostrar a situação precária de vida dos trabalhadores, apenas se contentam em
dizer que as coisas estão erradas e que talvez seja preciso mais “humanismo”,
mais “filantropia”, mais “políticas sociais”. Diferente é um filme que vai além
da descrição, que mostra o questionamento, ou seja, um caráter crítico, e
aponta para a necessidade e a possibilidade de transformação social. Desta
forma, há a descrição pretensamente crítica e a apologética.
Podemos citar
como exemplo do primeiro caso os filmes do chamado “neo-realismo italiano”, tal
como os filmes de Luchino Visconti (Terra
Treme, 1948; Rocco e seus Irmãos,
1960), Roberto Rossellini (Roma, Cidade
Aberta, 1945), Vittorio de Sica (Ladrões
de Bicicleta, 1948), Giuseppe de Santis (Arroz Amargo, 1948), entre outros. O neo-realismo foi aceito
entusiasticamente por diversos setores da intelectualidade e da esquerda, mas
posteriormente alguns começaram a perceber as limitações destes filmes, que não
ultrapassam a realidade existente, não apontando para uma crítica mais efetiva
e para a concepção da possibilidade de transformação social. A perspectiva de
classe por detrás desta produção cinematográfica não era proletária e sim
ligada às classes auxiliares da burguesia, unindo interesses de setores da
produção cinematográfica com setores político-partidários, tal como o PCI –
Partido Comunista Italiano.
O segundo
tipo de filme é o mais comum e é constante nas grandes produções
hollywoodianas, tal como os filmes de ação que pregam a hegemonia mundial
norte-americana, bem com outros filmes que naturalizam as relações sociais
existentes em nossa sociedade, tal como Love
Story, Arthur Hiller (EUA, 1970) ou Wind
– A Força dos Ventos, Carroll Ballard (EUA, 1992). O primeiro faz apologia
do amor romântico e o torna o centro da vida humana; o segundo coloca a
competição (uma das características fundamentais das relações sociais
capitalistas e da mentalidade produzida por elas) como centro da história e a
vitória como o objetivo fundamental a ser conquistado.
Porém,
existem outras formas de reprodução fílmica do capitalismo. Há também os filmes
que retratam momentos históricos específicos, tal como os filmes mudos de
Serguei Eisenstein (O Encouraçado
Potemkim, URSS, 1925; A Greve, URSS,
1924; Outubro, URSS, 1928) e vários
outros que surgiram colocando situações sociais sob a forma de ficção ou
utilizando acontecimentos históricos como base para a produção cinematográfica[3].
A Crítica do Capitalismo no Cinema
A forma mais
importante, no entanto, é aquela que ultrapassa o nível da descrição e deixa
explícito o posicionamento dos agentes de produção. É aquela que não é
naturalizante e sim crítica. Este é o caso dos filmes produzidos na Alemanha,
ainda durante o cinema mudo, principalmente os filmes expressionistas. Destacaríamos,
deste período, entre outros, Metrópolis,
Fritz Lang, (Alemanha, 1927); Tartufo,
F. Murnau (Alemanha, 1926); O Gabinete do
Doutor Galigari, Robert Wiene, (Alemanha, 1920), apesar deste último ter
seu final e início deformado pelo diretor. Também é o caso do realismo poético
francês dos anos 30, tal como os filmes de René Clair (principalmente A Nós a Liberdade, França, 1931) e os de
Jean Renoir (principalmente A Regra do
Jogo, França, 1936). É claro que o momento histórico e o caráter incipiente
do capital cinematográfico da época facilitavam a produção destas obras. Os
filmes do cineasta surrealista Luis Buñuel também merecem ser citados neste
contexto, tal como Anjo Exterminador
(México, 1962), entre outros. Os filmes do Western Spaghetti, de Sérgio Leone,
Sérgio Corbucci e Damiani Damiano são outros exemplos. Alguns focalizam a
expansão capitalista nos Estados Unidos, mas a maioria toma a Revolução
Mexicana e a luta dos trabalhadores contra a tirania dos governos mexicanos.
Há também os
filmes de terror de George Romero, tal como A
Máscara do Terror (França/Canadá/EUA, 2000) e seus filmes de zumbis e,
inclusive, filmes dirigidos por outros cineastas que são hollywoodianos e
desprezados por isso, mas focalizam aspectos da sociedade capitalista de forma
crítica, tal como A Coisa, Larry
Cohen (EUA, 1985) e Corrosão – Ameaça em
seu Corpo, Phillip Brophy (Austrália, 1993), entre outros. Inclusive antigos
filmes B, como A Pequena Loja dos
Horrores, Roger Corman (EUA, 1960) e ainda alguns filmes de ficção
científica dos anos 50 sempre colocando os perigos da radioatividade e da
ambição capitalista que gera o seu uso indiscriminado. Assim, os filmes de
ficção científica, muitas vezes desprezados, tal como os de terror, revelam
aspectos essenciais da sociedade capitalista. Vários filmes poderiam ser
citados neste sentido como Matrix,
Andy e Larry Wachowski (EUA, 1999); Mad
Max, George Miller (Austrália, 1979); Rebelião
no Século 21, Charles Band (EUA, 1990). Entre os filmes de terror, além dos
de George Romero, há os dirigidos por John Carpenter, tal como Eles Vivem (EUA, 1988); Christine – O Carro Assassino (EUA, 1983);
Pesadelo Mortal (EUA, 2005), que
avançam na crítica do capitalismo e alguns filmes fantásticos, como Momo e o Senhor do Tempo, Johannes
Schaaf (Alemanha, 1986), O Fabuloso Mundo
de Billy Liar, John Schlesinger (Inglaterra, 1963); Donnie Darko, Richard Kelly (EUA, 2001), poderiam ser citados[4].
Isto quer dizer, em poucas palavras, que não são apenas os filmes “realistas”
ou os dramas, que reproduzem a sociedade capitalista ou seus aspectos, ou mesmo
que realizam a sua crítica, pois a ficção científica, o terror, o fantástico, o
faroeste[5],
também o fazem.
Sem dúvida,
muitos outros poderiam ser citados, tal como os filmes políticos de
Costa-Gravas e de Elia Kazan. Até alguns filmes infantis poderiam ser citados,
como Formiguinha Z, Eric Darnell e
Tim Johnson (EUA, 1998), História Sem Fim,
Wolfgang Petersen (Alemanha, 1988). Também os filmes que abordam instituições e
relações sociais específicas do capitalismo, como A Sociedade dos Poetas Mortos, Peter Weir, (EUA, 1989) e Um Estranho no Ninho, Milos Forman (EUA,
1975) no qual se aborda a educação autoritária e o hospício, respectivamente,
contribuem com uma concepção do caráter da sociedade moderna. Uma série de
filmes recentes aborda questões atuais do capitalismo: Clube da Luta, David Fincher (EUA, 1999), O Show de Truman – O Show da Vida, Peter Weir (EUA, 1998); V de Vingança, James McTeigue
(EUA/Inglaterra/Alemanha, 2005), entre outros.
Obviamente
que alguns filmes se destacam por reconstituir o capitalismo de forma mais
crítica e ampla, tal como é o caso de Momo
e o Senhor do Tempo; A Nós a
Liberdade; Quando Explode a Vingança,
Sérgio Leone (Itália, 1972), entre outros. O filme Momo e o Senhor do Tempo mostra não só como o capitalismo extrai o
tempo dos indivíduos até a exaustão, como também como subverte os valores, abole
a comunicação entre os seres humanos e corrompe os indivíduos. Já o filme A Nós a Liberdade mostra o caráter
destrutivo do trabalho alienado, da prisão e da escola, além também de opor
valores antagônicos e outros aspectos da sociedade capitalista.
Em síntese,
existe uma diversidade de filmes sobre o capitalismo. Seja focalizando o
processo de trabalho, a vida dos trabalhadores, o desemprego, seja focalizando
as instituições, valores, efeitos psíquicos, da sociedade capitalista. Há
diversos filmes sobre acontecimentos históricos, sobre juventude, sobre meios
oligopolistas de comunicação, sobre guerra, sobre destruição psíquica dos
indivíduos, sobre meio ambiente, entre inúmeras outras questões sociais
importantes em nossa época.
No entanto,
apesar disso, a formação cultural e a não-reflexão faz com que muitos filmes
não sejam percebidos como realmente são, ou não percebendo o que ele mostra.
Isto, em parte, é derivado da forma de assistência contemplativa, mecânica ou
formalista que grande parte dos assistentes realiza das obras cinematográficas
(Viana, 2009c). Isto é reforçado pelo preconceito e o elitismo cultural de
muitos analistas e críticos do cinema. O material fílmico existente traz uma
multiplicidade de possibilidades de análise da sociedade capitalista, desde que
se supere as formas prejudiciais de assistência, para o caso dos que não são pesquisadores
do cinema, ou que se supere as análises limitadas que são produzidas por muitos
pesquisadores embasados em concepções ideológicas ou no mero descritivismo
pobre, que é dominante. Ou seja, é preciso, no caso da assistência cotidiana,
de uma assistência crítica e, no caso de pesquisadores, possuir recursos
teórico-metodológicos adequados para realizar a análise fílmica. O capitalismo
está no filme, enxerguem ou não aqueles que o assistem.
Referências Bibliográficas
Adorno, T. & Horkheimer, M. Dialética do
Esclarecimento. 2ª edição, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1986.
Marques, Edmilson. Para Interpretar as Produções Cinematográficas.
In: Viana, Nildo. Cinema e Mensagem – O Significado Original e
o Significado Atribuído ao Filme. No prelo, 2009b.
Prokop, D. O Papel da Sociologia do Filme no Monopólio
Internacional. In: Filho, Ciro
M. (org.). Prokop. São Paulo, Ática,
1986.
Santos, Jean I. Cinema e Indústria Cultural. In: Viana, Nildo (org.). Indústria Cultural
e Cultura Mercantil. Rio de Janeiro, Corifeu, 2008.
Souza, Erisvaldo. A Renovação da Teoria da Indústria Cultural
em Prokop. In: Viana, Nildo
(org.). Indústria Cultural e Cultura
Mercantil. Rio de Janeiro, Corifeu, 2008.
Viana, Nildo. A Concepção Materialista da História do
Cinema. Porto Alegre, Asterisco, 2009a.
Viana, Nildo. A Esfera Artística. Marx, Weber, Bourdieu e
a Sociologia da Arte. Porto Alegre, Zouk, 2007.
Viana, Nildo. Cinema e Mensagem – O Significado Original e
o Significado Atribuído ao Filme. No prelo, 2009b.
Viana, Nildo. Como Assistir um Filme? Rio de Janeiro,
Corifeu, 2009c.
Viana,
Nildo. Para Além da Crítica dos Meios de
Comunicação. In: Viana, Nildo
(org.). Indústria Cultural e Cultura
Mercantil. Rio de Janeiro, Corifeu, 2008.
Artigo
publicado originalmente em:
VIANA, Nildo.
Capitalismo e Cinema. Revista Alceu.num. 27, jul./dez. 2013.
Disponível em:
http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/5alceu27.pdf
* Este texto
é uma adaptação sob a forma de artigo de uma entrevista publicada no seguinte
endereço: http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=5175
** Professor
da UFG – Universidade Federal de Goiás e Doutor em Sociologia pela UnB –
Universidade de Brasília.
[1] Destacaríamos
a obra inaugural da reflexão sobre indústria cultural, de Adorno e Horkheimer (1986)
e alguns comentários contemporâneos: Santos (2008); Souza (2008); Viana (2008).
Uma das melhores análises, no nível teórico, sobre o capital cinematográfico, é
a de Prokop (1986).
[2] Sobre
isso, consulte-se Viana (2009b).
[3] Existem
também os documentários que ou focalizam aspectos do capitalismo ou apresentam
uma concepção mais abrangente. O documentário Surplus, Erik Gandini (Suécia, 2003), por exemplo, coloca em
questão o consumismo, apesar de partir de posições questionáveis (o
primitivismo), assim como The Corporation,
Mark Achbar (Canadá, 2003), que mostra a importância e força das grandes
corporações. Porém, não consideramos que
o documentário seja um filme, pois este é uma obra de arte, logo, uma
“expressão figurativa da realidade” (Viana, 2007) e por isso, tal como
colocamos em outro lugar, não se caracteriza como filme (Viana, 2009b).
[4]
Este é o caso de vários filmes que são extremamente criticados, tal como Mulher-Gato, Jean Christophe Comar (EUA,
2004), por vários motivos, tal como sua pobreza formal (que, realmente, neste
aspecto deixou muito a desejar), etc., mas revelam aspectos importantes da
sociedade capitalista, tal como o capital farmacêutico e sua busca do lucro a
qualquer custo (Viana, 2009c; Marques, 2009).
[5] Aqui
citamos apenas os filmes de faroeste do cinema italiano, mas há filmes como os
de John Ford, tal como No Tempo das
Diligências (EUA, 1939); Vinhas da
Ira (EUA, 1940), Como Era Verde Meu
Vale (1941), que fazem parte da tendência de reprodução e crítica
intencional do capitalismo.
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