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sábado, 3 de outubro de 2020

O QUE FOI OCULTADO EM “O DILEMA DAS REDES”

 



O QUE FOI OCULTADO EM “O DILEMA DAS REDES”

 

Nildo Viana

 

O documentário O Dilema das Redes vem ganhando destaque nos meios intelectualizados da sociedade brasileira. Dirigido por Jeff Orlowski (EUA, 2020), é uma “produção original” Netflix. O documentário vem sendo recebido como algo esclarecedor e importante e, mais ainda, sendo indicado para todos compreenderem os dilemas das redes sociais virtuais. O documentário, em si, traz muitas informações interessantes, embora a maioria não fosse novidade para quem é bem informado a esse respeito. Assim, além de algumas informações a mais do que as já conhecidas, o melodrama por detrás da narrativa informativa, que se manifesta via “paradas para pensar” de alguns entrevistados, gestos e principalmente na história ficcional inserida no documentário), revelam a intenção do documentário, que não foi, no entanto, revelada em nenhum momento. A intenção original ficou oculta. É isso que vamos abordar, o lado oculto do documentário, aquilo que ele não quis revelar.



Em síntese, o documentário traz o processo das redes sociais e sua manipulação sobre os indivíduos que as usam, gerando um conjunto de problemas, como os psíquicos (em certo momento se mostra uma menina chorando diante do espelho e um dos entrevistados fala em “padrão de beleza” inalcançável), a questão da agressividade e o “discurso de ódio”, e, principalmente, a nova forma de conservadorismo – e somos brindados com imagens de Jair Bolsonaro – e tudo isto com base em entrevistas de ex-funcionários (executivos) de Facebook, Pinterest, Twitter, Instagram, Google, etc., mostrando o processo de manipulação, a força do algoritmos e outros processos que os bem informados já sabiam. No fundo, o que os entrevistas “revelam” (para os que ainda não sabiam) é que o objetivo dessas redes sociais é lucrar e para tal realiza uma manipulação ampla e que usa as indicações, o perfil do usuário, etc. E esse processo de manipulação gerou um problema. Chega a ser patético quando o entrevistador pergunta para vários entrevistados “qual é o problema?” e há uma pausa... eles não sabem qual é o problema? Ou sabem, mas é difícil formular sem revelar algo que é para ficar oculto?

Depois dessa síntese, podemos focalizar o que foi ocultado. O documentário ocultou a realidade concreta, a sociedade, as determinações que geram e reproduzem as redes sociais. Mas não foi só isso. Ocultou a razão do remorso dos ex-funcionários das megaempresas da internet. E não fica apenas nisso, pois também ocultou quem são os responsáveis pelo documentário e o que eles representam. Por fim, o ocultaram que quem produziu e divulgou o documentário realiza a mesma manipulação denunciada por ele. Então vamos analisar cada um desses ocultamentos.

O primeiro ocultamento é a sociedade, pois ela não aparece. Não é de se estranhar vendo milhares de sociólogos assistindo o documentário e em nenhum momento se perguntar: cadê a sociedade? Assim, parece que os sociólogos – não todos, obviamente, mas nenhum se manifestou sobre isso até agora, pelo que sabemos – acreditaram no discurso inicial do documentário. O discurso inicial é simplesmente mágico, ou, em termos marxistas, fetichista. Um funcionário afirma: “fomos ingênuos” diante do “outro lado da moeda” (na legenda) ou em relação aos “efeitos colaterais” (dublagem, embora a legenda seja mais fiel aos termos usados). Ou seja, tudo parece que ia muito bem, pois essas ferramentas criaram coisas boas, como se coloca em várias oportunidades. Mas o fetichismo ocorre quando o entrevistado diz que “essas coisas ganham vida própria quando são libertas”, ou então quando outro questiona se isso é normal “ou será que estamos sob algum tipo de feitiço? (ex-designer “ético” do Google).

O que fica oculto é a sociedade, as determinações desse processo. Fica ausente o desenvolvimento tecnológico e seu vínculo com a mercantilização das relações sociais, bem como a emergência de uma nova fase do capitalismo e sua mutação cultural, com a instauração de um paradigma subjetivista. Ora, sem dúvida, seria pedir muito para eles colocarem isso. Há até um momento em que o funcionário que fala do “outro lado da moeda” afirmando que ocorreram mudanças no mundo (e atribuindo elas às redes sociais, tais como a Primavera Árabe). Porém, a junção de um amplo desenvolvimento tecnológico mercantilizado (os computadores e os celulares, condições de possibilidade das redes sociais, só são popularizados e se tornam consumo compulsório  por serem mercadorias e servem de impulso para mais uma onda de acumulação capitalista) e o subjetivismo reinante acontece com a expansão do neoliberalismo que, nos Estados Unidos, surgiu em sua forma inflexível como Ronald Reagan, mas logo assumiu ares mais “democráticos” como que Nancy Fraser denominou “neoliberalismo progressista”.

Assim, quem está por detrás das redes sociais, das plataformas, da tecnologia, das empresas que dão vida a isso tudo, são grandes empresas capitalistas. E a força disso tudo emerge, fundamentalmente, no Vale do Silício. Nancy Fraser novamente é útil nesse momento:

Nos EUA, o neoliberalismo progressista é uma aliança entre, de um lado, correntes majoritárias dos novos movimentos sociais (feminismo, antirracismo, multiculturalismo e direitos LGBT) e, do outro lado, um setor de negócios baseado em serviços com alto poder “simbólico” (Wall Street, o Vale do Silício e Hollywood). Nesta aliança, as forças progressistas se unem às forças do capitalismo cognitivo, especialmente à “financeirização”. Embora involuntariamente, o primeiro oferece ao segundo o carisma que lhe falta. Ideais como diversidade e empoderamento, que poderiam em princípio servir a diferentes fins, hoje dão brilho a políticas que destruíram a indústria e tudo aquilo que antes fazia parte da vida da classe média[1].

Apesar da terminologia problemática, Fraser coloca claramente o significado do Vale do Silício e suas alianças. Essa vertente do neoliberalismo, progressista burguesa, conseguiu dominar e hegemonizar o bloco progressista (que nos EUA sempre foi fraco e nunca disputou efetivamente o poder, mas no Brasil e outros países é mais forte, mas que também tiveram um processo semelhante, tal como se vê no que já foi denominada “americanização das esquerdas brasileiras”)[2].

Assim, as determinações sociais não aparecem, ficam ocultas. E a sociedade que gera todo esse processo também. E qual o motivo do remorso dos ex-funcionários das empresas capitalistas por detrás das redes sociais? A citação de Fraser acima já mostra algo disso. Ora, em primeiro lugar, o objetivo era o lucro. O depoimento e as cenas finais mostram isso, embora no final aparece como algo não muito bom. Tem até afirmação de entrevistado como se fosse algo ruim. O que, obviamente, é mentira. Seria ingenuidade pensar que os entrevistados seriam todos ingênuos, que não teriam valores burgueses, que não entraram no processo para ganhar dinheiro. Sem dúvida, eles certamente estavam dominados pelas ideologias correspondentes ao subjetivismo e envolvidos na aliança em torno do neoliberalismo progressista, mas a motivação de suas ações não foram “concepções políticas” ou “culturais” e sim o dinheiro, que é o que move o capitalismo e é o que domina nessas instâncias e essas pessoas. Teríamos que ser muito ingênuos para acreditar que a “intenção poderia ser melhorar o mundo”. E não deixa de ser cômico ver que alguns entrevistados eram responsáveis pelo aspecto financeiro do processo.

Então por qual motivo o remorso? É preciso entender que o remorso não é por causa da manipulação. O remorso é pelo motivo de que o processo de manipulação “ganhou vida própria”, ou, “o feitiço virou contra o feiticeiro”. As redes sociais não são autônomas e independentes, como querem nos fazer crer. Elas reproduzem a sociedade capitalista[3]. E como a sociedade capitalista é dividida em classes, existem distintos interesses, subdivisões (frações de classes, partidos, países, grupos sociais, etc.), então seria de se esperar que outros também usassem a manipulação. O remorso, portanto, não é em relação à manipulação, mas por ela não ser controlada totalmente pelos seus idealizadores e praticantes, deixando que outros, como Putin, Trump e Bolsonaro, possam utilizá-la, inclusive contra o neoliberalismo progressista.

Outra coisa que ficou oculta foi quem são os responsáveis e produtores do documentário? O que eles representam? Já dissemos isso ao falar dos entrevistados, mas não custa retomar e apontar o nome, pois poucas pessoas se preocupam em saber que é o diretor do documentário e quem é o financiador. O diretor é Jeff Orlowski. Ele trabalhou com a Apple, National Geographic, Stanford University e o Jane Goodall Institute, entre muitos outros. Seus trabalhos foram transmitidos pela Netflix, National Geographic Channel, CNN e NBC e foi apresentado no The New York Times, The Wall Street Journal, revista Time, NPR e Popular Mechanics. Ele viajou em turnê representando o Instituto Sundance, Comitê do Presidente Obama para as Artes e Humanidades e o National Endowment of the Arts. Essas informações, acessíveis no Wikipédia dos Estados Unidos, mostram seus vínculos com o Vale do Silício e com o neoliberalismo progressista, vinculado, fundamentalmente, ao Partido Democrata. A referência a Obama, Netflix, Wall Street Journal, não é gratuita.

E quem financiou a produção? Ora, todos que são mais atentos perceberam que é uma “produção original Netflix”. E as pessoas bem informadas sabem que a Netflix é parte do neoliberalismo progressista ao lado de Hollywood e do que é hegemônico no capital cinematográfico contemporâneo. A Netflix representa o neoliberalismo progressista, o subjetivismo e suas ideologias correspondentes, etc. Basta ver o outro lançamento da Netflix, Enola Holmes, no qual a irmã de Sherlock Holmes é a protagonista, cuja mãe é feminista e possui obras de autoras feministas. As referências ao feminismo nas produções da Netflix é abundante[4], bem como as outras temáticas que são o foco do neoliberalismo progressista e sua ideia de diversidade, inclusão, que, no fundo, é a ideia de cooptação, divisionismo, entre outros elementos que visam conter as contradições da sociedade capitalista, especialmente as de classe. E conseguiram adestrar o bloco progressista, que ficou – com raríssimas exceções – a reboque do neoliberalismo progressista e suas pautas, mas não conseguiram abafar o “outro lado da moeda”, para recordar a expressão de um dos entrevistados, os conservantistas e outros reacionários. Inclusive, ao enfraquecer o bloco progressista anexando-o e também o bloco revolucionário, deixou que a insatisfação acabasse sendo canalizada pelos reacionários. Aqui, o feitiço foi uma estratégia que virou contra o estrategista.

E o último ocultamento é o que se refere ao fato de quem produziu e financiou o documentário que denuncia a manipulação também efetiva um processo manipulatório tão intenso quanto o denunciado. A carreira de Jeff Orlowski demonstra isso, mas o leitor pode perceber isso mais facilmente na empresa capitalista financiadora do documentário, a Netflix. Ela usa os mesmos procedimentos acusados no filme. Afinal, qualquer assinante sabe dos seus e-mails para atrair ou retomar o público, as suas indicações baseadas nas preferências e assistências anteriores, as notas dos filmes (que agora é só um curtir, mas era antes um nota de zero a cinco), as indicações na própria plataforma, os destaques apresentados, etc. Porém, a manipulação está no próprio documentário e para isso o melodrama e a ficção inserida no seu interior, a música de fundo, a narrativa, etc. tudo é um processo de manipulação. Inclusive a maior manipulação se revela ao mostrar o que é realmente ruim: os reacionários também manipularem as redes sociais.

Os entrevistados parecem bem intencionados e ingênuos. Isso ajuda a se tornar mais convincente. Quem cria fake News são os reacionários, não os neoliberais progressistas. Ora, isso nada tem a ver com a verdade. Quem criou as ferramentas e iniciou o processo foram os neoliberais progressistas. Pode até ser que um ou outro é “ingênuo”. Os técnicos responsáveis pelo Google, Facebook, Youtube, não se diferenciam muito dos intelectuais “ingênuos” a serviço do poder. Servem ao capital e ao poder e não possuem muita consciência disso e quando começam a ter consciência, perguntam pateticamente: “meu Deus, o que que eu fiz?” E aí se “esquecem” que vários já haviam alertado sobre o que eles faziam. Muitos estão lendo esse texto agora e vão negar sua veracidade e depois vão “esquecer” que alguém já tinha avisado. Mas isso é apenas naqueles supostos “ingênuos”, mas a princípio nenhum dos entrevistados parecem estar nessa situação. Inclusive as suas performances melodramáticas – um misto de preocupação real com os reacionários e o governo Trump e de uma dramatização para ter maior eficácia simbólica, apontam para mais uma manipulação. Eles são especialistas nisso. Assim, um afirma que redes sociais não são uma ferramenta, está “te seduzindo, manipulando, pedindo que você faça algo”, abstraindo que, desde o início, elas sempre foram ferramentas, mas dominadas pelo capital, visando despertar consumo e gerar lucro, e, secundariamente, influenciar politica e culturalmente. Todo o problema do documentário expressa que a manipulação em seu aspecto secundário, expressão do subjetivismo e neoliberalismo progressista, acabou sendo desviado pelo reacionarismo.

Essa é a maior manipulação e ocultamento do documentário. É também o que é mais comum no capitalismo. Um dos lados em disputas faz todo um discurso mostrando os perigos, os problemas, a manipulação, como se fosse um lado “neutro”, como se não expressasse interesses, valores, concepções, etc. É como um sociólogo fazendo um discurso moralista a partir de uma determinada perspectiva para outro sociólogo, que seria parcial por ter posições revolucionárias, ou então os pândegos do “Escola sem Partido” denunciando a doutrinação dos “esquerdistas” como se não quisessem apenas ser os “novos” doutrinadores (e esquecendo quem eram os doutrinadores da época do regime militar com sua “Educação Moral e Cívica”). O ocultamento dos interesses e posição de classe de quem faz o discurso e seus interesses mais delimitados no âmbito da luta política institucional e cultural é o principal elemento do documentário. O documentário é, no fundo, apenas mais um capítulo da manipulação, que, curiosamente, tematiza a manipulação, mas sempre a atribui ao erro, quando é realizada por eles mesmos, ou ao “mal”, quando é realizada pelos outros.

Como já dizia Sartre, “nem uma pedra é neutra”[5], e a Netflix não tem nada de neutra, ela tem uma orientação cultural e efetiva a política cultural burguesa hegemônica, que sofreu algumas derrotas para os reacionários e agora está numa situação difícil e que poderá sofrer uma reorientação (e isso vai depender do desdobramento da desestabilização do regime de acumulação integral, da força do reacionarismo, das consequências da pandemia do coronavírus, das lutas sociais, etc.). Um assistente atento das séries da Netflix pode ver a manipulação apenas assistindo e observando algo que é constante geralmente no terceiro capítulo da primeira temporada. Ao assistir algumas séries e observar o que emerge nesse momento, saberá que é muita coincidência para não ser manipulação. Deixarei aos curiosos essa descoberta, mas o processo manipulatório é simples: se apresenta os personagens, cria-se familiaridade do assistente com eles e uma certa simpatia em relação a alguns deles, e depois se apresenta uma nova faceta dos mesmos, e com isso uma maior aceitação de suas características reveladas, bem como gerando uma dificuldade para que alguns assistentes deixem de assistir a série, pois já se vincularam a ela.

Da mesma forma, os assistentes atentos saberão que a série Casa de Papel teve uma mudança cultural na sua terceira temporada, ao passar a ser uma produção Netflix. Um especial sobre essa série, disponibilizada nesse mesmo serviço de streaming, coloca que as duas primeiras temporadas foram produções espanholas independentes e depois passa a ser produzida pela empresa capitalista norte-americana. É nesse momento que ocorre a mutação discursiva, ou seja, a partir da terceira temporada, e o novo discurso – sem muita relação com a trama e com as temporadas anteriores - se torna tão perceptível que basta ver os discursos repetitivos e enfadonhos sobre machismo, misoginia e outros pulando como grilos desesperados das telas para as cabeças dos assistentes em seus sofás).

A manipuladora Netflix faz um documentário sobre (e aparentemente contra) a manipulação. E aí voltamos ao mesmo discurso de sempre: quem manipula são apenas os outros. A ideia do enunciador do discurso, sobre sua suposta neutralidade ou inocência, é acompanhada pela acusação ao outro de fazer o que é condenado. A Netflix, uma grande manipuladora, que tem mais de 160 milhões de assinantes, tem um forte impacto na sociedade. As pesquisas no Google sobre “excluir o facebook” aumentou em 260%, bem como houve “uma queda de 50 milhões de horas por dia na plataforma”, o que gerou a resposta do Facebook[6]. Mas o Facebook não faz parte do mesmo campo político e cultural? Sim, faz, mas o lucro é o fundamental e a Netflix está atrapalhando os lucros da famosa rede social. Conflitos no paraíso do dinheiro e do neoliberalismo progressista. Mas a Netflix está lucrando com o documentário. Nem todos podem ganhar ao mesmo tempo.

O problema é que a maioria da população nunca ganha e só quando avançar na consciência e autoformação poderão enxergar os processos manipulatórios, tanto dos acusados quanto dos acusadores, e criar mecanismos distintos. Ao invés de sair do facebook, criar uma rede no interior da rede que fuja da polarização entre reacionários e neoliberais progressistas (apoiados pelos progressistas de esquerda) seria uma ação possível. Os reacionários conseguiram romper com o domínio absoluto dos neoliberais progressistas, mas eles possuem muito dinheiro, tal como seus concorrentes. A população só tem o seu número ao seu favor, mas a desunião retira sua eficácia e, por conseguinte, é preciso superar o divisionismo partidário, cultural, entre outros, para poder enfrentar os donos do capital e do poder. A formação e autoformação e a união são as únicas formas de escapar e combater a manipulação.

 



[2] LINDGEN ALVES, J. A. Excessos do Culturalismo: Pós-Modernidade ou Americanização da Esquerda? Disponível em: https://revolucio2080.blogspot.com/2019/06/excessos-do-culturalismo-pos.html acesso em: 28/06/2019.

[3] Cf. VIANA, Nildo. Os Movimentos Sociais e a Internet. In: https://informecritica.blogspot.com/2019/04/movimentos-sociais-e-internet.html

[4] Curioso é que muitas feministas que se colocam do lado do bloco progressista não se perguntarem por qual motivo as poderosas empresas capitalistas viraram partidárias do feminismo.

[5] SARTRE, Jean-Paul. Em Defesa dos Intelectuais. São Paulo: Ática, 1994.

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