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sexta-feira, 11 de maio de 2018

A Concepção Junguiana de Inconsciente Coletivo



A Concepção Junguiana de Inconsciente Coletivo*

Nildo Viana




Carl Gustav Jung foi o primeiro psicanalista a desenvolver uma concepção sistemática de inconsciente coletivo. Sem dúvida, Freud em alguns momentos fornece elementos que podem servir para uma concepção do inconsciente coletivo, tal como veremos adiante, mas coube a Jung o reconhecimento de sua existência e a elaboração de uma concepção sistemática a seu respeito. Por isso começaremos nossa análise com a contribuição de Jung.
A obra de Jung surge a partir da fundação da psicanálise por Freud. Freud foi, paulatinamente, construindo a psicanálise a partir de seu afastamento da medicina e das descobertas que proporcionaram a sua elaboração teórica. A concepção de Freud é complexa e inclui inúmeros elementos que vão se desenvolvendo e dando corpo à psicanálise. As suas teses sobre os instintos (ou “pulsões”), da repressão e do inconsciente formam a base da concepção freudiana. No entanto, Freud buscará compreender o “aparelho psíquico” a partir de dois componentes (consciência e inconsciente) e, posteriormente, três (id, ego e superego), entre outras alterações que ele provocou em sua concepção original (a ideia de existência de um “instinto de morte” é outro exemplo, pois ela só foi sustentada por ele na última fase de seu pensamento).
O grande mérito de Freud foi a descoberta do inconsciente. Freud considerava que a mente humana, ou “aparelho psíquico”, não era composto apenas pela consciência, pois possuía uma camada profunda que ele denominou inconsciente (em sua concepção tripartite do aparelho psíquico – id, ego e superego – os dois últimos elementos são conscientes e, portanto, a mudança na concepção não desmente nossa exposição).
A origem do inconsciente se encontra na repressão dos instintos. Para Freud, o ser humano possui dois conjuntos de instintos: os sexuais e os de sobrevivência (mais tarde acrescentaria o instinto de morte), embora focalizasse sua concepção principalmente nos instintos sexuais. Para ele, a civilização, para garantir sua sobrevivência, deve coagir os seres humanos ao trabalho e isto pressupõe a repressão dos instintos (sexuais). Esta repressão dos desejos sexuais, que se inicia durante a infância, é externa, realizada principalmente pelos pais. Com o passar do tempo, esta repressão é introjetada, ou seja, o próprio indivíduo, através de sua consciência moral (“superego”) se “reprime”, realizando o recalcamento, ou seja, apaga de sua consciência tais desejos.
Os desejos reprimidos, no entanto, não deixam de existir, mas tão-somente de serem conscientes. Eles ficam “escondidos” na mente humana, no inconsciente. O inconsciente, por sua vez, sempre busca se manifestar. Ele se manifesta quando a consciência fica enfraquecida, tal como durante os sonhos ou nas fantasias, mas também em outros momentos, como nos atos falhos, chistes, etc. (FREUD, 1978).
Freud vai desenvolver sua concepção de problemas psíquicos a partir desta elaboração. A neurose, por exemplo, seria produto da frustração produzida pelo recalcamento. Desta forma, a civilização e suas necessidades produzem a repressão, o recalcamento e o inconsciente (FREUD, 1978b).
Nasce, assim, a psicanálise e em torno de Freud se agruparam diversos pesquisadores, dando origem à primeira Sociedade Psicanalítica. No entanto, pouco depois da constituição da psicanálise apareceram as divergências. A concepção freudiana começou a ser questionada e substituída por concepções rivais, embora o freudismo ortodoxo continue forte até os dias atuais. A primeira grande concepção alternativa foi a de Alfred Adler. Adler discordava da centralidade fornecida por Freud aos instintos sexuais e em seu lugar iria colocar a “vontade de poder” e daí derivar um conjunto de teses, sendo que algumas se tornaram populares, tal como a do “complexo de inferioridade”, embora sua concepção tenha se tornado marginal na história posterior da psicanálise. O questionamento do “pansexualismo” de Freud realizado por Adler seria apenas o primeiro de uma série, gerando algumas dissidências, incluindo a de Jung.
A obra de Jung também é bastante complexa e nasce a partir das contribuições de Freud e Adler, que ele julga importantes, mas “unilaterais”. Jung era extremamente conservador, ao contrário de Adler, que se autodeclarava socialista. O conservadorismo de Jung era maior do que o de Freud e está relacionado com o fato de que o último tinha como preocupação fundamental a resolução de problemas individuais enquanto que o primeiro dedicava especial atenção aos problemas sociais. Daí sua consideração pela obra de Adler, que se dedicou a explicar o indivíduo pelo social.
Jung discorda de várias teses de Freud, tal como a universalidade do incesto e a primazia do “erótico-sexual”. Segundo ele, os instintos sexuais não formam a totalidade da natureza humana, embora seja um de seus aspectos principais. O erro de Freud, para ele, se encontra na sua visão “unilateral” e “exclusivista” oriunda de sua teoria sexual. Adler substituiu os instintos sexuais pelo princípio de poder, apresentando, segundo Jung, uma concepção tão unilateral e exclusivista quanto a de Freud. Jung diz que esta tese também possui um momento de verdade, tal como a de Freud, mas que elas são inconciliáveis. É preciso, segundo Jung, partir de um ponto de vista superior a elas para poder unificá-las. Para Jung, “ambas contêm verdades fundamentais” e “uma não exclui a outra”, sendo “certas, porém unilaterais” (1989, p. 33).
Jung explicará a diferença entre Freud e Adler por uma “diferença de temperamento”. Trata-se de uma diferença entre “dois tipos de espírito humano”, o tipo introvertido (Adler) e o extrovertido (Freud), tal como se encontra em sua tipologia psicológica[1]. Assim, segundo Jung, o problema é que estas duas teorias são verdadeiras, mas se aplicam apenas a casos especiais e transformá-las em “teoria global da essência” é que é o grande erro. É a partir desta “ruptura” com Freud e Adler, e ao mesmo tempo da conservação de algumas de suas teses, consideradas de “uso tópico”, que Jung elaborará sua própria concepção.
A concepção de Jung tem como momento inicial a libido. Para Freud a libido é energia sexual, concepção considerada por Jung como sendo restrita. Segundo Nise da Silveira,
enquanto Freud atribui à libido significação exclusivamente sexual, Jung denomina libido à energia psíquica tomada num sentido amplo. Energia psíquica e libido são sinônimos. Libido é apetite, é instinto permanente de vida que se manifesta pela fome, sede, sexualidade, agressividade, necessidades e interesses os mais diversos. Tudo isso está compreendido no conceito de libido (SILVEIRA, 1981, p. 41).
A energia psíquica, portanto, possui diversas manifestações. Para Jung, a mente humana é um
sistema energético relativamente fechado, possuidor de um potencial que permanece o mesmo em quantidade através de suas múltiplas manifestações, durando toda a vida de cada indivíduo. Isto vale dizer que, se a energia psíquica abandona um de seus investimentos virá reaparecer sob outra forma. No sistema psíquico a quantidade de energia é constante, varia apenas sua distribuição (SILVEIRA, 1981, p. 44).
A libido, diz Jung, “já possui seu objeto no inconsciente”, e o seu rumo não pode ser decidido pela nossa vontade, seguindo seu fluxo. Assim, a libido, seguindo seu curso natural, encontra “o caminho para o objeto que lhe é destinado”, o que só não ocorre por interferência da vontade ou por elementos externos.
Jung vai relacionar sua concepção de libido com a questão do inconsciente. Para ele, o inconsciente possui duas camadas, uma pessoal (individual) e outra coletiva.
A camada pessoal termina com as recordações infantis mais remotas; o inconsciente coletivo, porém, contém o tempo pré-infantil, isto é, os restos da vida dos antepassados. As imagens das recordações do inconsciente coletivo são imagens não preenchidas, por serem formas não vividas pessoalmente pelo indivíduo. Quando, porém, a regressão da energia psíquica ultrapassa o próprio tempo da primeira infância, penetrando nas pegadas ou na herança da vida ancestral, aí despertam os quadros mitológicos: os arquétipos (JUNG, 1989, p. 69).
Para Jung, tal como colocamos anteriormente, a libido já possui seu objeto no inconsciente (pessoal). Mas além desse inconsciente pessoal, existem “as imagens primordiais”, isto é,
a aptidão hereditária da ação humana de ser como era nos primórdios. Essa hereditariedade explica o fenômeno, no fundo surpreendente, de alguns temas e motivos de lendas se repetirem no mundo inteiro e em formas idênticas, além de explicar porque os nossos doentes mentais podem reproduzir exatamente as mesmas imagens e associações dos textos antigos (JUNG, 1989, p. 57).
Jung esclarece que tais imagens não são hereditárias. O que é realmente hereditário é a capacidade de tê-las. Jung denomina estas imagens universais e originárias como “arquétipos”. Esta camada mais profunda do inconsciente, o inconsciente coletivo, não chega à tona facilmente. Somente através de um processo de “regressão” é que ele surge na mente individual. O que provoca tal “regressão”? Ela é produto da repressão[2]. Para ele, a cultura ocidental racional nega o irracional. No entanto, “o homem não é apenas racional, não pode e nunca vai sê-lo” (JUNG, 1989, p. 64). “O irracional não deve e não pode ser extirpado. Os deuses não podem e não devem morrer” (JUNG, 1989, p. 64).
Assim, Jung encontra no racionalismo da cultura ocidental a chave para explicar a regressão. Se lembrarmos que para ele a libido é um conjunto múltiplo de necessidades, então o desenvolvimento unilateral do ser humano provoca a regressão. Segundo Jung, existe um impulso ou complexo que concentra em si a maior parte da energia psíquica e obriga o eu a ficar sob seu comando.
Habitualmente, é tão intensa a força de atração exercida por este foco de energia sobre o eu que este se identifica com ele, passando a acreditar que fora e além dele não existe outro desejo ou necessidade. É assim que se forma uma mania, monomania, possessão ou uma tremenda unilateralidade que compromete gravemente o equilíbrio psicológico. O poder de concentrar toda a capacidade num ponto só é sem dúvida algumas o segredo de certos êxitos, razão porque a civilização se esforça ao máximo em cultivar especializações (JUNG, 1989, p. 64).
Para Jung, o ser humano tem o direito de considerar sua razão “bela e perfeita”, mas ela é apenas uma das “funções espirituais possíveis”, sendo uma ilha rodeada por todos os lados pelo irracional. A religião é uma expressão irracional que faz parte da totalidade psíquica humana. “O conceito de Deus é simplesmente uma função psicológica necessária, de natureza irracional, que absolutamente nada tem a ver com a questão da existência de Deus” (JUNG, 1989, p. 63). Assim, ele diz: “estou plenamente convencido da extraordinária importância do dogma e dos ritos, pelo menos enquanto métodos de higiene” (JUNG, 1987, p. 49).
Assim, a “receita de Jung” é aceitar as funções psíquicas irracionais da mente e, visando evitar a regressão, devemos nos entregar à “experiência religiosa”. Mas por qual motivo Jung quer evitar a regressão ao inconsciente coletivo? O que ele busca evitar é que a libido retire seu objeto dos conteúdos do inconsciente coletivo. As imagens primordiais contidas no inconsciente coletivo
contém não só o que há de mais belo e grandioso no pensamento e sentimento humanos, mas também as piores infâmias e os atos mais diabólicos que a humanidade foi capaz de cometer. Graças a sua energia específica (pois comportam-se como centros autônomos carregados de energia) exercem um efeito fascinante e comovente sobre o consciente e, consequentemente, podem provocar grandes alterações no sujeito. Isso é constatado nas conversões religiosas, em influências por sugestão, e, muito especialmente, na eclosão de certas formas de esquizofrenia (JUNG, 1989, p. 62).
Consideramos que estes elementos são suficientes para compreender a concepção junguiana de inconsciente coletivo e por isso deixaremos de lado outros termos e teses relacionados. Realizaremos, a partir de agora, uma avaliação crítica de sua concepção para, posteriormente, retomar os elementos que contribuem para a elaboração de uma teoria do inconsciente coletivo na perspectiva do materialismo histórico.
A preocupação fundamental expressa nos textos de Jung é com a irrupção do lado obscuro da mente humana. Sua grande preocupação é com as “piores infâmias e os atos mais diabólicos que a humanidade pôde cometer”. De onde surgiu tal preocupação? Como está explícito em suas obras, sua origem se revela na ocorrência da Primeira Guerra Mundial (reforçada pela Segunda Guerra Mundial) e no temor do fascismo e do bolchevismo.
A base da preocupação junguiana com a guerra e os fanatismos políticos, no entanto, reside em outro lugar. Sem dúvida, a questão das guerras mundiais e da ascensão do nazifascismo produziram uma preocupação em diversos pesquisadores sobre como tal barbarismo pode ocorrer. Contudo, a resposta específica fornecida por cada pesquisador e o grau de importância fornecido a estes fenômenos decorrem da mentalidade de cada um deles. Erich Fromm e Theodor Adorno, para citar apenas dois exemplos, desenvolveram outras teses e assumiram outras posições sobre tal fenômeno.
Sem dúvida, a posição de Jung foi o resultado de um complexo entrelaçamento de determinações. A primeira e fundamental reside no conservadorismo de Jung, já aludido anteriormente. Embora ele consiga identificar alguns problemas da “civilização ocidental” (sociedade capitalista), o seu conservadorismo não lhe permite descobrir o processo de constituição das relações sociais fundadas no antagonismo de classes. Isto se vê, por exemplo, na sua afirmação ingênua de que a especialização é incentivada pela civilização porque é “o segredo de certos êxitos”. O processo de desenvolvimento social fundado no processo de produção da vida material produz a divisão social do trabalho e, no capitalismo, isto se amplia numa escala extremamente elevada. A especialização de Jung na psicanálise e seu desconhecimento e desconsideração do marxismo, da sociologia, etc., possibilitam sua explicação unilateral da força da especialização na sociedade capitalista. A unilateralidade intelectual é um problema que Jung não percebeu, bem como o fato dela ser um produto de uma subespecialização.
Mas além desta determinação, podemos dizer que a sua experiência psíquica e seu envolvimento na primeira guerra mundial contribuiu com isto. Ele “serviu durante a primeira guerra mundial como comandante do campo de prisioneiros de Chateau D’Oex” (SILVEIRA, 1981, p. 18). Se a guerra impressiona pessoas distantes dela, o seu efeito é muito maior naqueles que a presenciam, provocando, em muitos casos, processos traumáticos. Foi neste período que ele teve “intensas experiências interiores”, “sonhos impressionantes”, “visões”. Assim,
pareceu-lhe que a melhor solução seria esforçar-se por decifrar-lhes o sentido, mantendo a consciência sempre vigilante e não perdendo o contato com a realidade exterior (SILVEIRA, 1981, p. 17).
Percebemos que Jung se encontrou numa encruzilhada, no qual corria o risco de “perder o contato com a realidade exterior”, o que significa que ele passou por uma forte experiência de conflitos psíquicos que poderiam ter desembocado em uma neurose. No entanto, ele arranjou forças para superar tais conflitos e o risco que correu lhe proporcionou um medo intenso de “cair nas trevas”. A solução que ele deu foi considerar este “lado sombrio” como um não-eu, tal como ele concebe o inconsciente coletivo.
Assim, este medo intenso que Jung tinha de si mesmo foi projetado para fora, para o inconsciente coletivo. É por isso que ele fornece esta receita para as demais pessoas e também concebe à religião um papel tão importante, pois ela pode canalizar a energia psíquica e impedir que “o mal” venha à tona. O medo de si mesmo é transferido para a humanidade e é por isso que as guerras mundiais, o fascismo e o bolchevismo se tornam suas grandes preocupações. O seu conservadorismo pessoal e o conservadorismo social se reforçam reciprocamente.
Até aqui explicamos a gênese da concepção junguiana do inconsciente coletivo. Mas ainda resta a tarefa de realizar a sua crítica. Jung critica Freud e Adler por produzirem “teorias redutivas” com pretensão de globalidade e não percebe que ele produz uma concepção reducionista com igual pretensão globalizante. O reducionismo se encontra em sua explicação unilateral dos fenômenos se fundamentando apenas nas forças psíquicas, deixando de lado toda a complexa totalidade e as múltiplas determinações dos fenômenos. É o que se vê, por exemplo, na sua interpretação do nazismo, considerado por ele um “fenômeno patológico”, uma “irrupção do inconsciente coletivo”. Segundo Silveira, para Jung,
Wotan havia tomado posse da alma do povo alemão. E que é Wotan? É o Deus pagão dos germânicos, um Deus das tempestades e da efervescência, desencadeia paixões e apetites combativos’. Num ensaio publicado em 1936, Jung traça o paralelo entre Wotan redivivo e o fenômeno nazista. Wotan é uma personificação de forças psíquicas – corresponde a ‘uma qualidade, um caráter fundamental da alma alemã, um ‘fator psíquico de natureza irracional, um ciclone que anula e varre para longe a zona calma onde reina a cultura’. Os fatores econômicos e políticos pareceram a Jung insuficientes para explicar todos os espantosos fenômenos que estavam ocorrendo na Alemanha. Wotan reativado no fundo do inconsciente. Waton invasor, seria a explicação mais pertinente (SILVEIRA, 1981, p. 23).
O reducionismo de Jung não é nem um pouco melhor do que o de Freud e Adler. Isto se torna mais perceptível quando notamos que o seu fundamento é metafísico. Por qual motivo “Wotan foi reativado”? Isto só pode ser explicado pelo complexo processo social ocorrido na sociedade alemã (a derrota na primeira guerra mundial, as tentativas de revolução socialista, as dificuldades de reprodução da acumulação capitalista, a fome etc.). No entanto, Jung desconsidera o processo social e se refugia em “arquétipos” imutáveis e universais.
As “provas” que ele apresenta para a existência de tais arquétipos não provam nada, pois os mitos, contos de fada, lendas, etc. por mais que possuam semelhanças, não significa que expressam “imagens primordiais”, além do fato de que grande parte das semelhanças são produtos da interpretação de Jung. Da mesma forma que um matemático pode encontrar “elementos matemáticos” na base de toda construção humana (ciência, arte etc.), um maniqueísta pode ver a “luta do bem contra o mal” em tudo que existe, um darwinista pode ver a “luta pela existência” e a “sobrevivência dos mais aptos” em todas as esferas da vida, um pseudomarxista pode ver “causa econômica” em tudo que existe, Jung pode encontrar o inconsciente coletivo em todas as manifestações culturais. Contudo, todas estas concepções são reducionistas e produtos de mentes engenhosas, mas que não passam de modelos mentais, nos quais a realidade é encaixada à força, e servem muito mais para ocultá-la do que para revelá-la.
Desta forma, Jung apresenta uma concepção igualmente reducionista, tal como acusava em Freud e Adler. No entanto, existem alguns “momentos de verdade” na concepção junguiana (da mesma forma que ele afirmou existir nas concepções de Freud e Adler). Essa breve análise da concepção junguiana do inconsciente coletivo é importante para adiante podermos resgatarmos os seus momentos de verdade.



[1] Jung dedica uma de suas principais obras ao problema dos tipos psicológicos (JUNG, 1976).
[2] “Como é sabido, o processo cultural consiste na repressão progressiva do que há de animal no homem; é um processo de domesticação que não pode ser levado a efeito sem que se insurja a natureza animal, sedenta de liberdade” (JUNG, 1989, p. 11). Ele acrescenta que hoje sabe-se que não é só a natureza instintiva que é atingida pela coerção cultural mas também “novas ideias”, as paixões políticas e a religião.

* VIANA, Nildo. A Concepção Junguiana de Inconsciente Coletivo. In: VIANA, Nildo. Inconsciente Coletivo e Materialismo Histórico. 2ª edição, Revista e Ampliada. Florianópolis, Bookess, 2015.


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