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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Minoria Elege Dilma Roussef e a Ilegitimidade Continua

A Minoria Elege Dilma Roussef e a Ilegitimidade Continua

Nildo Viana

Ao terminar a eleição presidencial, temos Dilma Roussef eleita para o cargo de presidente do Brasil. Ela ficou com 56,05% dos votos e ganhou, segundo a imprensa e programas televisivos, grande popularidade, sua primeira força política para governar o país. Porém, as coisas não são bem assim. Os números são como as aparências: eles enganam.

Dilma Roussef foi eleita por uma minoria. O resultado colocado nos meios oligopolistas de comunicação é que ela ficou com 56,04% e José Serra com 43,95%. Porém, isso se refere apenas aos votos válidos. O percentual cai drasticamente se somar-mos os votos nulos e brancos. Os votos nulos foram 4,40%, um total de 4 milhões e 689 mil votos e um pouco mais. Os votos em branco foram 2 milhões 452 mil e mais alguns, sendo 2,30%. Somados dariam 6,7%. Parece pouco percentualmente, mas somados dá mais de 7 milhões de votos, que seria maior do que a população inteira de um grande cidade, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Porém, os números enganam quando a profundidade da análise não vai mais longe. É preciso somar a isto as abstenções, que chegaram a 29 milhões e 194 mil e mais alguns poucos e nenhuma cidade tem essa população no Brasil. Isso significa 21,50% de abstenções. Somando-se esse número expressivo com votos nulos e brancos, temos um total de mais de 36 milhões que não votaram em Dilma e Serra, o que significa 30,5%, ou seja, aproximadamente um terço. Assim, no site do TSE, cuidadosamente temos esses números mas separados. Há um quadro onde tem o total de votos, mas sem o percentual dos candidatos e outro no qual há o número de votos e o percentual dos candidatos, mas contando apenas os votos válidos.




Eis o caso do primeiro turno:



Eis a mágica estatística. Dilma conseguiu 55 milhões de votos, Serra 43 milhões, não votaram ou votaram nulo e branco 29 milhões. Dilma ficou com 56% dos votos válidos, mas do total do eleitorado, que é 135.804.433, seria aproximadamente 40%. É por isso que para ser eleito o percentual que vale é dos votos válidos, ou seja, excluindo abstenções, nulos e brancos. Se isso contasse, nenhum presidente se elegeria no Brasil. A questão não para aí, pois o que se conta nesse caso não é a população brasileira, mas apenas o eleitorado. Caso se contasse a população brasileira em geral, que é de mais de 190 milhões (o atual senso, ainda não encerrado, aponta para que seja aproximadamente 192 milhões). O número de eleitores de Dilma cairia drásticamente, para pouco mais de 20% da população brasileira. Sem dúvida, recém-nascidos e crianças entram nessa conta, porém, na conta oficial não entram não só esses como milhões de outros e no resultado percentual final, somente os votos válidos, um pouco mais de 99 milhões. Os votos válidos é aproximadamente a metade da população brasileira. Porém, em termos de voto, Dilma conseguiu 20% da população, 40% do eleitorado e 56% dos votos válidos. O que é muito pouco nos dois primeiros casos, e só no resultado maqueado apenas pelos votos válidos a votação seria relativamente expressiva.




Os meios oligopolistas de comunicação convidaram especialistas e emitiram comentários os mais variados, mas todos apontando para a grande vitória e popularidade da candidata, sua força para iniciar o novo governo. Isso é mera ilusão. Os números mostram que a minoria eleitoral escolheu Dilma, apenas 20% da população e considerando os aptos a votar, apenas 40%. Ora, a coisa fica ainda pior se considerarmos que muitos que votaram em Dilma não foi por apoio, convicção, etc. Muitos votaram por ser contra o Serra, outros por não ter candidato e achar, devido a propaganda e pressão de certos setores, que teriam que votar em alguém, e não é fantástico pensar que pessoas votaram por “sorteio” (para quem vai nas seções eleitorais e observa, vê, por exemplo, pessoas procurando santinhos no chão para escolher em quem vai votar...) ou por mera sugestão, ou seja, votos que não significam apoio efetivo. Mesmo os que votaram com um pouco mais de solidez na escolha, analisando os discursos e propagandas, etc., isso não significa nenhum apoio político e convicto. Assim, se Dilma tiver apoio de 10% da população ou 20% do eleitorado, isso é o máximo que consegue.



Em síntese, Dilma foi eleita por uma ínfima minoria da população brasileira, e pela minoria do eleitorado. Só conseguiu maioria no mundo ilusório e fabricado dos “votos válidos”. Assim, se a grande força de Dilma para iniciar o seu governo é a popularidade, então a situação não está nada boa para o lado dela. Transformaram a fraqueza em força. Assim, aumentam o número do eleitorado porque o voto é obrigatório, aumentam o número de votos da candidata por que tem segundo turno (no primeiro turno, ela teve pouco mais de 47 milhões e 46,91 dos votos válidos, o que significava aproximadamente 13% da população brasileira e 35% do eleitorado), aumentam o percentual da candidata por excluir as abstenções, votos nulos e brancos. A lógica é aumentar sempre, pois, caso contrário, o apoio diminuto, mesmo no frágil mundo eleitoral, mostraria a ilegitimidade da candidata eleita. Porém, a luta de classes continua junto com a ilegitimidade e quanto mais a população se auto-organiza e auto-educa, mais ilegítimos são os governos.


5 comentários:

  1. É isso mesmo!!

    São 200 milhões sob governo escolhido por 55 milhões, totalmente ilegítimo e ninguém diz isso!!

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  2. Olá Nildo Viana !

    Excelente seu texto e as verificações que ele tão claramente traduz. Quando leio algo tão brilhante, coberto este sim, de verdades em todos os seus parâmetros, percebo que nem todos neste nosso Brasil concordam em fechar os olhos e portar-se com uma insensatez retrógrada que em um mundo civilizado não deveria mais encontrar espaço. Temos hoje uma presidente que dentro da exatidão da Matemática não expressa legitimidade e sim, somente traduz o que é o regime vigente implantado em nossa Terra, que alguns poucos insistem em chamar de "Democracia", mas que já uma "boa camada" percebe tratar-se de um regime impositivo, manipulador, propositadamente e minuciosamente elaborado para a perpetuar a escravização dos cidadãos. Mas esta "boa camada" cresce a olhos vistos a cada eleição e é por esta constatação de "avanço real" que devemos persistentemente continuar quando o desalento quiser nos afrontar com as suas mentiras. Cabe a nós persistir constantemente e esperar pelo dia em que os êngodos desta pseudo democracia serão sobrepujados e não encontrarão mais espaço na consciência do povo brasileiro. Porém, devemos entender que ainda temos muito que evoluir neste sentido, infelizmente muitos não se apercebem dos seus erros, isto faz parte da evolução do homem e é um fato tão real e exato quanto o é a Matemática.

    Mais uma vez parabéns e obrigado pelo seu comentário. Um abraço !

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  3. Marcos, eu que agradeço!! Concordo com suas palavras, pois aumenta cada vez mais os que assumem uma postura crítica diante do processo eleitoral manipulador existente. Abraços!

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  4. Parabéns, Nildo, pelo texto, e ao Marcos pelo comentário!

    Concordo com vocês, e como bem falou o Marcos em uma postagem do nosso Blog, "Essa lei dos votos válidos é uma piada, é tirar o maior sarro dos eleitores taxando-os de idiotas perfeitos. É uma forma inventada para a manipulação do povo e a perpetuação da classe política por cima da “carne seca”, pois no mínimo serão eleitos por aqueles que são filiados aos partidos políticos e por aqueles aos quais defendem os interesses."

    Abraços!

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  5. Elisete, grato! Sem dúvida, a manipulação eleitoral usa inúmeros artifícios, incluindo a manipulação estatística. Abraços!

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