A BANALIZAÇÃO DA
INFIDELIDADE PARTIDÁRIA
Nildo Viana*
Na política institucional
brasileira é muito comum a troca de partido político por parte dos políticos
profissionais. Muitos são eleitos por um partido e logo se transferem para
outros, bem como há casos de indivíduos com passagem por diversos partidos em
pouco tempo. É possível citar alguns casos famosos, como Ciro Gomes, que passou
pelo PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS, PDT. Isso provoca a necessidade de
explicar a banalização da infidelidade partidária no Brasil.
A explicação geralmente
oferecida para esta questão é a falta de partidos políticos fortes e
programáticos. Isso, no entanto, explica apenas parte do problema. No fundo,
existem partidos políticos fortes, mas sua força não reside no seu programa e
sim em suas vitórias, número de cargos públicos, estrutura, poder financeiro. O
problema da falta de programa ou “ideologia” não explica tal troca constante de
partidos, pois mesmo os partidos pequenos e mais programáticos da esquerda
também convivem com esse processo de troca, geralmente dentro do mesmo espectro
ideológico. Os políticos profissionais não possuem programas ou ideologias e
por isso o problema não reside nos partidos.
O que explica isso é o jogo de
interesses dos políticos profissionais, pouco preocupados com programas,
ideologias, população e causas sociais. Muitos políticos trocam de partido por
procurar melhorar a possibilidade de eleição ou reeleição, de acordo com a
situação, popularidade, acordos, estrutura dos partidos ou o jogo de alianças
(coligações, por exemplo). Em síntese, o que explica a troca de partidos é, na
maioria dos casos, os interesses pessoais dos políticos profissionais e a
facilidade institucional para sua concretização.
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Publicado originalmente no Jornal O Popular.
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