Trecho do livro (Prefácio):
A presente coletânea aborda o tema marxismo e psicossociologia, sendo esta última expressão pouco conhecida em nosso país, embora bastante utilizada em outros, especialmente na França. A relação entre marxismo e psicologia, e com a psicologia social já possui inúmeras publicações no Brasil, porém sobre marxismo e psicossociologia há muito pouca coisa. Isto se deve ao fato de poucos textos dos representantes da chamada psicossociologia (também chamada de análise institucional, sociologia da intervenção, etc.) foram traduzidos para o português. Claro que seu número irá aumentar se adicionarmos os seus mais influentes inspiradores: Sigmund Freud, Carl Rogers, Kurt Lewin, Moreno e em alguns casos até Hegel, Sartre e Marx. A psicossociologia é pouco conhecida principalmente no Brasil e isto aumenta a importância da publicação dos presentes textos.
A abordagem psicossociológica possui diversas orientações. Seu principal eixo se encontra em abordar temas como: a questão do cotidiano nas organizações, a burocracia e, em alguns casos, a autogestão (a autogestão pedagógica, por exemplo, é objeto de reflexões aprofundadas de Lapassade, Lobrot e Lourau). Marx exerce uma forte influência sobre alguns destes pensadores, juntamente com Freud. Porém, a relação entre marxismo e psicossociologia é mais complexa. Sem dúvida, os representantes da psicossociologia contestam o marxismo oficial (bolchevismo e socialdemocracia) e assim se aproximam do marxismo autêntico e libertário, retomando assim suas correntes mais radicais (comunismo de conselhos, luxemburguismo, esquerdismo em geral), embora não explicitamente, mas não devemos esquecer que esta é uma das tendências no interior da psicossociologia, que convive com outras tendências de posições mais conservadoras.