Acima convite para o lançamento do livro "Juventude e Sociedade - Ensaios sobre a Condição Juvenil", na Livraria Saraiva, Flamboyant Shopping Center.
VIANA, Nildo. Juventude e Sociedade. Ensaios sobre a Condição Juvenil. São Paulo: Giostri, 2015.
Abaixo um trecho do prefácio de Luiz Antônio Groppo:
PREFÁCIO
Nildo Viana
é professor da Universidade Federal de Goiás, onde trabalha há vários anos
ensinando e pesquisando sociologia, com incansável dedicação ao pensar e fazer
ciências sociais com crítica e rigor. Destaca-se na vasta obra de Viana, além
de diversas incursões à teoria social, bem como a temas como indústria
cultural, educação e psicanálise, entre outros, a reflexão sociológica sobre a
juventude.
Este seu
livro, “Juventude e sociedade”, é belo exemplo desta reflexão que desde há
alguns anos Viana se dedica. Pude conhecê-la desde há alguns anos, quando
participamos, em 2003, na Casa da Juventude Pe. Burnier, em sua Goiânia, de um
Seminário promovido pela casa sobre juventude. Lembro-me do pulsar daquela casa
que acolheu então tantos e tão diversos jovens, bem como das conversas que
tivemos com estes jovens e outros colegas, como o próprio Nildo Viana, que
tratou sobre juventude e violência com grande competência.
O autor
sempre foi fiel ao referencial teórico-metodológico do marxismo, interpretado
de modo não determinista, bem como vinculado ético-politicamente ao socialismo
dos conselhos, tendência do marxismo que os tempos obscuros do stalinismo
tentaram jogar aos porões do pensamento. Na sua adoção do marxismo, Viana
afasta-se de uma posição comum nesta corrente diante de aspectos da estrutural
social que não derivam imediatamente das classes economicamente determinadas –
como a juventude. Comumente, o marxismo tem rejeitado a temática da juventude
como mero engodo ideológico. Outras vezes, reconhece-a apenas como aspecto secundário.
Esta não é a posição de Viana, nem da sua criativa aplicação do pensamento
marxista para entender as complexas relações entre sociedade de classes e
estrutura etária no mundo capitalista, o nosso mundo.
Este uso
criativo do pensamento de Marx, longe do determinismo economicista de muitos
marxismos, que o permite compreender a centralidade da categoria juventude no
mundo moderno e contemporâneo, é o primeiro mérito deste livro. Mas a obra tem
uma série de outras qualidades.
A segunda
qualidade que gostaria de destacar, é a sua preocupação constante em definir
com clareza os conceitos empregados. Temos em mãos, é bom frisar, uma obra
largamente teórica, preocupada em relacionar conceitos e processos sociais,
trazendo dados concretos e processos históricos como comprovação ou exemplos.
Esta clareza, neste sentido, é algo fundamental para uma obra deste teor. É
algo que o autor conseguiu realizar com maestria. Um a um, conforme os
capítulos apresentam-nos, os conceitos vão sendo definidos inequivocadamente,
desde a matriz teórico-metodológica escolhida, o marxismo, mas dialogando com
outras correntes próximas ou com possibilidade de relações, como o
existencialismo de Sartre e a teoria das gerações de Mannheim. Por exemplo, já
em seu primeiro capítulo, são definidas com clareza termos como cultura,
memória, poder, identidade e, certamente, juventude".