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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

VIDA E MORTE DO LENINISMO



VIDA E MORTE DO LENINISMO



Nildo Viana

Wladimir Illich Ulianov - Lênin - é considerado por muitos como o mais importante pensador socialista após Marx. Segundo os discípulos de Lênin, a ideologia leninista seria o complemento necessário à teoria marxista. Alguns mais exagerados afirmam que não se pode ser marxista sem ser leninista. No entanto, consideramos todas estas afirmações, e muitas outras parecidas, como equivocadas. Já é tempo de reavaliarmos o leninismo, principalmente agora que estamos vivendo seus últimos dias de vida.

O leninismo surgiu na Rússia czarista, um país atrasado e com uma classe operária em formação. É natural, como colocou Daniel Guérin, que em um país com uma classe operária nascente, onde se penetra idéias revolucionárias vindas de países mais avançados (no caso, o marxismo), que os ditos “revolucionários” pretenderem “pensar” e “querer” pelo proletariado e, ao mesmo tempo, conceber uma ideologia da “incapacidade da classe operária”. Tkatchev foi um dos primeiros, mas Lênin, um tkatchevista, foi o maior ideólogo da nulidade operária. Para Lênin, os operários jogados a si mesmos chegam no máximo ao sindicalismo e isto significa uma subordinação à ideologia burguesa. Daí ele dizer que a tarefa da social-democracia é “combater a espontaneidade” do movimento operário. E acompanhando o pensamento de Kautsky, dizia que são os “intelectuais burgueses” que elaboram a “consciência socialista” e a introduzem no proletariado.

Estes são os fundamentos de sua concepção blanquista e elitista do “partido de vanguarda”. Por mais que Lênin tentasse ser um representante do proletariado, ele não conseguiu sê-lo, mas conseguiu ser um ideólogo da burocracia, essa classe auxiliar da burguesia. Leon Trótsky, antes de aderir ao leninismo, conseguiu ver as raízes do bolchevismo: o atraso da Rússia e a separação entre a intelectualidade e as “massas”.

A partir da vitória da revolução bolchevique, o leninismo passou a ter cada vez mais influência no movimento comunista internacional. Stálin, depois da morte de Lênin, sistematizou e consolidou o que hoje é conhecido como “marxismo-leninismo” e que virou sinônimo de “marxismo ortodoxo” e assim “acorrentaram” o pensamento de Marx e o marxismo ao leninismo. O leninismo-stalinista passou a ser a ideologia do capitalismo de estado russo e da burocracia como classe dominante.

Ao final da década de 50 e início da década de 60, o jacobinismo leninista-stalinista entrou em crise. Com a morte e a denúncia dos crimes de Stálin houve a divisão entre leninistas e stalinistas. Os leninistas passaram a condenar Stálin e a defender o “novo” regime, enquanto que os stalinistas fizeram o contrário. A grande maioria passou a ser “leninista” e a defender o regime soviético até que a URSS invadiu a Hungria e, posteriormente, a Tchecoslováquia, mostrando o seu verdadeiro caráter. Depois disso, o leninismo se tornou cada vez mais fraco e as revoltas e revoluções de 1968 mostraram qual é o seu destino: a sua superação por um movimento autenticamente socialista.

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Artigo publicado originalmente em: Jornal de Ciências Sociais/UFG. Ano 01, num. 01, Maio de 1989.

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