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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O Fenômeno Bolsonaro



O Fenômeno Bolsonaro
Nildo Viana

O fenômeno Bolsonaro é um produto histórico e social que mostra um determinado indivíduo que expressa determinadas posições, interesses e segmentos da sociedade num contexto social e histórico específico. O fato desse indivíduo ter se destacado remete a inúmeras determinações, incluindo a unidade perdida do bloco dominante diante do processo eleitoral.

Hoje muitos estão assustados com o resultado das eleições do primeiro turno para presidente e com a ascensão eleitoral de Jair Bolsonaro. Sem dúvida, a sua ida para o segundo turno foi uma surpresa e foi resultado de múltiplas determinações. Mas, afinal de contas, quem é Bolsonaro? Como ele conseguiu esse resultado? Qual é o significado e as consequências disso? Hoje, devido ao alvoroço que a esquerda faz em relação a Bolsonaro, torna-se necessário explicar este fenômeno político-eleitoral.

Bolsonaro é um indivíduo comum. Por mais que seus adoradores queiram fazer dele alguém “forte”, “corajoso”, “incorruptível”, ele é um ser humano e, como tal, cheio de defeitos e, como indivíduo específico, com bem mais defeitos que muitos outros. Mas os seres humanos não são todos iguais, embora possuam uma base biológica, social e psíquica comum, eles também possuem milhares de diferenças. Essas diferenças são geradas pelo processo histórico de vida dos indivíduos, da época, da classe social, das relações familiares e profissionais, entre milhares de outras. Assim, os indivíduos nascem e vão constituindo seus valores, sentimentos, concepções, acabam formando uma personalidade (singularidade psíquica) e vão consolidando ou mudando isso. Existem pessoas que conseguem mudar radicalmente (para melhor ou para pior) e outros que mudam parcialmente ou superficialmente. Logo, Bolsonaro é um ser humano como qualquer outro.

Gandhi, Hitler, Papa Francisco, Ronald Reagan, Airton Senna, Neymar, Zé Ninguém são todos seres humanos. A história deles, inserida na história mais ampla da sociedade e sua posição no seu interior, gerou as inúmeras diferenças entre eles. Airton Senna era simpático, Neymar é antipático; Gandhi era pacifista e Hitler era belicista. Os exemplos e as diferenças poderiam se multiplicar e ganhar novas dimensões se a comparação envolvesse mais elementos e se aprofundássemos a discussão sobre estas características isoladas. E Bolsonaro? Foi um produto do processo histórico de vida dele que o tornou uma pessoa agressiva, conservador, militarista, etc. A sua formação intelectual é limitada e por isso ele tenta explicar o mundo a partir desta formação, aliada ao treinamento militar e sua história de vida. Existem milhares de pessoas iguais a Bolsonaro por aí, talvez milhões. Assim como existem milhares de pessoas iguais a Haddad por aí, talvez milhões. Haddad tem uma formação intelectual mais ampla, embora também limitada. Ele também é problemático, pois se não destila agressividade, destila falsidade e oportunismo. A expressão facial de Bolsonaro é a da agressividade e a de Haddad é a da falsidade. São dois seres humanos com suas próprias características e isso não tem grande importância, a não ser pelo fato de que um dos dois será o futuro presidente do país. Mas é uma ilusão eleitoral achar que o indivíduo, no caso o presidente, irá governar ao seu bel prazer. Trataremos disso em outra oportunidade.

Bolsonaro ganhou espaço político. Como ele conseguiu isso? Não é um político dos mais astutos (embora tenha certa esperteza), não é alguém com grande bagagem cultural (isso não é critério para político bem sucedido, mas ajuda nas decisões, estratégias, discursos, etc.), não é representante direto de algum grupo, classe ou fração de classe, etc. Ele conseguiu espaço político ao expressar ideias e valores de parte da população. A brecha foi aberta no problema moral. Ele saiu como um porta-voz do moralismo conservador, que sempre existiu, mas que se fortaleceu, se aprofundou e se tornou mais mobilizador com o avanço do moralismo progressista e do imoralismo, que foram imediatamente associados à esquerda e que, no Brasil, teve no PT o seu principal patrocinador. Ao lado de Bolsonaro, outros defenderam o moralismo conservador, mas ele encarnou de forma mais explícita e forte os valores da família, da tradição, da religião, etc., que alguns representantes do moralismo progressista e do imoralismo atacaram e, em alguns casos, ridicularizaram.

O espaço político conquistado por Bolsonaro acabou tornando-o o principal representante do reacionarismo, uma ala mais extrema do conservadorismo. A crise de legitimidade iniciada em 2013 com as manifestações populares e que foi se aprofundando, tal como no quase empate das eleições de 2014, com os escândalos de corrupção, e que foram reforçados pela crise financeira e polarização entre moralismo conservador e moralismo progressista e da polarização entre petistas e antipetistas, além da inoperância do governo de Dilma Roussef, culminou com o impeachment. O caminho para a superação dessa situação estava dado e as eleições de 2016 apontavam para o fim da polarização eleitoral entre PT e PSDB, bem como as demais polarizações. Porém, a resistência petista, que não tinha base junto aos trabalhadores, passou a usar setores de movimentos sociais e o moralismo progressista como elementos para alcançar uma recuperação, o que fracassou no início (a não ser em certos setores da sociedade, especialmente nos meios intelectualizados). É nesse contexto que um dos mais enérgicos defensores do reacionarismo se torna um líder e passa a ter adeptos e a aglutinar todos os diversos outros setores reacionários e alguns outros desiludidos ou temerosos de um retorno petista.

É assim que emerge Bolsonaro como candidato forte à presidência. Um vácuo de liderança política foi criado, pois com a crise de legitimidade da democracia e do aparato estatal, a corrupção e as prisões de políticos tradicionais, e a falta de energia e força dos partidos conservadores mais tradicionais (PSDB, DEM, etc.) fez com que ele emergisse com um número expressivo de intenção de votos. A unidade do bloco dominante para derrubar Dilma Roussef se desfez e isso permitiu que um dos seus representantes, que não era preferido da classe dominante, se destacasse e ganhasse espaço. Lula, por sua vez, ressuscitou com um bom número de intenção de votos nesse contexto de falta de definições e fortes candidatos no início do processo. No entanto, nenhum dos dois tinha realmente força e tendência para chegar ao segundo turno e a forte rejeição que os acompanhavam mostrava isto. Mas os resultados de algumas pesquisas eleitorais acabaram dando algum fôlego para ambos e logo vieram alguns intelectuais de esquerda falar da “nova polarização”, agora entre Bolsonaro e Lula[1]. Cada vez mais os petistas se preocuparam com Bolsonaro e o atacaram, cada vez mais ele virou manchete e passou a ter espaço. Assim, os petistas fizeram outro favor para Bolsonaro: o colocaram em evidência e como principal adversário. Isso serviu para divulgar o candidato e aglutinar em torno dele parte dos antipetistas. A prisão de Lula já retirava um concorrente do processo, mas Bolsonaro já havia crescido nas intenções de voto e a não candidatura petista, que tinha intenção de votos, mas que todos sabiam que não seria o candidato, fez pessoas migrarem seu sua intenção de voto progressista para outros candidatos (especialmente Ciro Gomes) e a pesquisa passou a ser duas: uma com Lula e outra sem Lula. As pesquisas sem Lula, nesse contexto, apontavam Bolsonaro em primeiro lugar. Isso gerou novos ataques petistas e mais divulgação e espaço ainda para o candidato do PSL. O medo de Bolsonaro crescia nos setores progressistas. Isso também promovia, nos setores conservadores, certa aglutinação em torno de tal candidato. A facada recebida por Bolsonaro intensificou esse processo e o novo candidato petista, Fernando Haddad, que estava com poucas intenções de voto, acaba crescendo cada vez mais. Ciro Gomes não decolava e nem os demais (Alckmin, Marina, etc., sendo que o primeiro estagnou e a segunda foi perdendo espaço) e assim não concentrou a maioria das intenções de votos progressistas. Emerge novamente a polarização, que beneficia os dois lados polarizados. A tendência, na reta final, acaba sendo um segundo turno entre ambos.

Claro que no meio disso houve os tropeços dos demais partidos que ajudaram a formar esse quadro. O PSDB escolhe um candidato com pouca desenvoltura eleitoral, especialmente no contexto atual, e faz uma campanha fraca e sem nenhuma percepção do quadro formado. Quando percebem isso, é tarde e não conseguem reverter, inclusive por não ter realizado a alteração necessária. Eles queriam retirar votos de Bolsonaro atacando ele, o que é normal em outras conjunturas, mas não nessa. Eles pensaram apenas em termos partidários e deveriam ter visto em termos de blocos sociais, o bloco dominante e o bloco progressista (a divisão entre direita e esquerda) e que o ataque a um candidato do primeiro por outro, não conseguia aglutinar e conquistar votos. Ao ver que isso não surtia resultado, devia ter usado outra estratégia e atacar o PT, pois assim poderia atrair eleitores de Bolsonaro e enfraquecer outro adversário que estava crescendo e cujo eleitorado, em sua maioria, jamais optaria pelo PSDB. Outros partidos, situações, etc., entraram no jogo eleitoral e ajudaram nesse processo.

Assim, Bolsonaro passou de candidato forte a favorito, liderando no primeiro turno e também nas pesquisas sobre o segundo turno. A força veio da falta de alternativas que expressam o bloco dominante e suas disputas internas e fraqueza dos partidos mais moderados. O período definido para lançar candidaturas, muito próximo das eleições, e a demora em lançar os nomes por diversos partidos, ao lado da antecipação e destaque eleitoral de Bolsonaro, permitiu ele concentrar um grande número de eleitores e com a fraqueza (discursiva) e falta de unidade do bloco dominante (ou pelo menos de seus setores mais moderados) e falta de estratégia eleitoral de partidos que poderiam ser alternativas a ele, acabaram possibilitando sua consolidação e crescimento. A estratégia petista acabou beneficiando Bolsonaro, pois ao atacá-lo e centralizar seus esforços no antibolsonarismo, acabou reforçando o bolsonarismo. Esse é um processo de retroalimentação entre antipetismo e antibolsonarismo. Os dois acabam se fortalecendo ao combater um ao outro, o que significa a exclusão dos demais.

Quando os demais candidatos se atentaram para isso, já era tarde. Além disso, não foram estratégicos o suficiente para conseguir superar a polarização. Alckmin, por exemplo, deveria ter atacado Haddad, pois poderia enfraquecer um pouco esse e se tornar uma alternativa a Bolsonaro (ao atacar este da mesma forma, gerou desconfiança e indefinição sobre “de que lado” ele estava e quais políticas e posições morais ele assumiria por parte daqueles que poderiam votar nele). Ciro Gomes, por sua vez, que concorria com Haddad para conseguir chegar ao segundo turno, focalizou Bolsonaro e fez críticas ao PT, mas deveria, também, ter centrado suas forças no concorrente direto pela segunda vaga de forma tão intensa e forte quando no candidato do PSL. Afinal, nesse momento da disputa eleitoral, os três partidos (PT, PDT, PSDB) estavam disputando entre si para saber quem iria para o segundo turno com Bolsonaro. Desses três, Bolsonaro só seria favorito contra o PT. Isso foi colocado na campanha de Alckmin, mas o erro foi partir da ideia de que os antipetistas e o eleitorado de Bolsonaro realizam “escolhas racionais” e não trabalhou as questões morais, emocionais, etc. que são a força principal deste candidato e de parte do antipetismo e que, portanto, o ataque simultâneo aos dois polos da polarização não renderia muito sucesso eleitoral.

A análise acima apenas buscou, num nível maior de concreção, analisar o fenômeno eleitoral Bolsonaro. Para a análise ser mais rica e desenvolvida, seria necessário entrar vários outros elementos na análise (a questão das classes e dos blocos sociais, da acumulação de capital, do PT, etc., mas isso já foi feito em outros dois textos: Antipetismo e Anticomunismo: A Gênese do Discurso Reacionário e Os Pobres de Direita e a Miséria dosIntelectuais de Esquerda, que podem ser lidos por quem deseja aprofundamento).

A tendência atual é que Bolsonaro seja eleito presidente. O que significaria isso? Em primeiro lugar, significaria que ele teria que realizar uma política de conciliação, unindo o seu estatismo com elementos de neoliberalismo, pela força da pressão e que ele, visando agradar setores do capital, já apontou com a escolha de Paulo Guedes como Ministro da Fazenda. Em segundo lugar, uma política mais decidida contra o moralismo progressista e contra o setor oposicionista representado pelo PT, tanto no plano institucional (as instituições estatais nas quais esse partido tem força) e contra o progressismo em geral. Em terceiro lugar, um acirramento das contradições e conflitos, pois a oposição ao novo governo partirá tanto do bloco progressista quanto do bloco revolucionário e, ao mesmo tempo, aumentando a insatisfação de diversos setores da sociedade, entre esses, aqueles que ficaram politicamente ausentes das lutas políticas e eleitorais dos últimos anos: os trabalhadores. A pressão dos trabalhadores deverá ser crucial para possíveis zigue-zagues do novo governo – e se não houver uma retomada do ritmo de acumulação de capital (“crescimento econômico”), a situação pode ficar explosiva, pois o capital vai pressionar pelas reformas retrógradas e as classes trabalhadoras tendem a reagir. Em síntese, fortes turbulências tendem a ocorrer num governo Bolsonaro. A questão é que o mesmo tenderia a ocorrer num Governo Haddad. Ambos os governos tendem a levar o país ao acirramento das lutas e problemas, embora sob formas diferentes. E ambos terão o seu arqui-inimigo na fileira de frente no combate, obscurecendo e complexificando as contradições, apesar de que, no caso do PT na oposição, tende a haver um enfraquecimento drástico e deixar de ter tanto importância.

Por fim, resta esclarecer que não se trata de apenas um indivíduo e sim um candidato, com as forças que o apoiam, com as articulações eleitorais, partidárias, políticas, com as pressões do capital e de outros setores, bem como com a composição do governo e as alianças instituídas. Isso tudo ocorre num plano mais amplo, que é a situação social, financeira, etc. do país (e que também remente ao contexto internacional), a força dos blocos e classes sociais, etc. Por isso, a simplificação do discurso eleitoral que deduz de indivíduos as políticas e o destino do país é equivocada e não consegue fornecer um quadro explicativo mais amplo. E é justamente essa concepção estreita que fez com que Bolsonaro conseguisse chegar ao segundo turno e se tornar favorito para ganhar as eleições e que foi reproduzido pelos demais partidos e pelos principais articuladores do bloco dominante e do bloco progressista. O futuro tende a ser de novos conflitos e novas crises, mas não é votando que se evita fenômenos como esse e sim no desenvolvimento intelectual e organizacional da população, o que não é interesse do bloco dominante e do bloco progressista e por isso eles foram surpreendidos e agora vão ter que pagar pela despolitização geral que incentivaram.





[1] As pesquisas eleitorais acabam influenciando parte do eleitorado, bem como os discursos e análises de intelectuais possuem efeito nos meios intelectualizados que, por sua vez, acabam reproduzindo tais discursos e reforçam, involuntariamente, o que afirmam. Assim, o discurso sobre uma suposta polarização reforça a tendência para efetivação da polarização.

3 comentários:

  1. Olá professor,

    Se interpretei corretamente sua análise, então significa que a principal força que determina (direta ou indiretamente) o "fenômeno Bolsonaro" é o moralismo progressista representado pelo PT (Partido dos "Trabalhadores"). Sendo que, diretamente pela necessidade do PT fortalecer a polarização que coloca o partido em evidência novamente e, indiretamente pelo antipetismo.

    O que ainda não está claro pra mim, é o papel do bloco dominante nessa análise, na qual aparentemente o "fenômeno Bolsonaro" seria apenas um "outsider", não pertencendo a nenhum bloco social ou sendo apenas parte de um setor sem grande importância do bloco dominante. No entanto, será que uma das forças que procuram determinar esse fenômeno não advém também de setores importantes do bloco dominante?

    Pois, ao se evidenciar o bloco dominante como uma das forças eleitorais do Bolsonaro, óbvio que também o será uma força governamental. Se isso for verdade, podemos deduzir que o capital está disposto a radicalizar ainda mais no neoliberalismo, caso contrário, não procuraria fortalecer um discurso eleitoral reacionário, militarista, etc. Correto?

    Isto é, Bolsonaro é de interesse eleitoral do bloco progressista (representado pelo PT) para polarizar a disputa, mas não seria de interesse governamental desse bloco, pois significaria sua possibilidade de destruição. A minha questão reside na possibilidade de Bolsonaro também já nesse momento (tanto no 1° quanto no 2° turno) ser de interesse eleitoral do bloco dominante, o qual já procuraria determinar a natureza do próximo governo.

    Independente dessas questões, concordo que para o bloco revolucionário é indiferente qual bloco estará no governo. Como já dizia Bertolt Brecht: "a bota que nos pisa é sempre uma bota. Já compreendereis o que quero dizer: Não mudar de senhores, mas não ter nenhum!". Assim, independentemente do governo, progressista ou conservador, será combatido pelos revolucionários, não pela ilusão eleitoral, mas sim pela luta revolucionária dos trabalhadores. Contudo, é importante analisar a totalidade das forças que procuram determinar esse fenômeno ou pelo menos deixar claro as que ainda não são possíveis determinar agora na atual conjuntura.

    Muito obrigado e parabéns pelo trabalho.

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  2. Prezado anônimo, como vai? Bom, eu diria que a sua leitura é mais ou menos exata. O fenômeno Bolsonaro nasceu inicialmente a partir da recusa do moralismo progressista petista, mas depois, a isso se junta a corrupção e outros processos, e, por fim, foi reforçado pela polarização com o PT. A questão é que eu coloquei fases no fenômeno. A primeira fase, Bolsonaro expressando a recusa do moralismo progressista (e depois a corrupção), e depois como "candidato forte", no qual a isso se acrescenta a polarização e o significado do PT. Depois há a outra fase, como favorito para ganhar as eleições, devido a questões conjunturais (ampliação da polarização com crescimento de inteneção de votos em Haddad, a facada, etc.). Desde o início Bolsonaro expressava uma ala do bloco dominante, a sua ala reacionária, mas não havia unidade nesta (que não é a ala mais forte do bloco dominante) e a partir de um certo momento, ele passou a ser representante dessa ala, mas não do bloco dominante como um todo, embora, com o seu crescimento eleitoral, foi tendo cada vez mais adesões e, no segundo turo, a maioria, mas não todo o bloco dominante (pois alguns não se posicionam e outros apoiam Haddad, como a Folha de São Paulo, para citar um exemplo), passa a apoiar Bolsonaro. Então não é que ele seja um "outsider" e sim aparece assim para parte da população, através do seu discurso eleitoral e que parece convincente por ele ter pouco apoio claro e explícito do bloco dominante, embora tenha crescido com o passar do tempo, especialmente no segundo turno. Então eu diria que uma das forças que apoiam o seu sucesso é a ala reacionária do bloco dominante e que vai ter novas adesões (agora até o MBL apoia Bolsonaro e ele fez um gesto nesse sentido ao escolher Paulo Guedes para ministro da fazendo, pois este é um liberal). Logo, Bolsonaro sendo eleito significa que o bloco dominante recuperou a hegemonia sem as impurezas do petismo e que haverá tendências reacionárias e autoritárias no governo, o que será apoiado pela ala reacionária do bloco dominantes. Os demais setores do bloco dominante podem ser críticos ou apoiarem sem querer exatamente um governo reacionário. O que eles tendem a fazer é incentivar um governo neoliberal discricionário, o que já foi iniciado por Michel Temer, só que agora com legitimidade, com o PT dizimado e sem poder ser oposição forte, apoio popular inicial (que deve ir diminuindo com o passar do tempo) e quatro anos pela frente, o que desanima as oposições eleitorais e partidárias. E, desta forma, não é interesse do PT e do bloco progressista uma vitória de Bolsonaro (e para o PT seria um desastre que dificilmente se recuperaria, pois os oportunistas sairiam, outro partido sairia do seu interior, etc.). Em relação ao Bolsonaro ser interesse do bloco dominante no primeiro turno, penso que não, a não ser da ala reacionária, pois ele não é bem visto por vários setoes e por vários motivos (desconfiança, por ele ser explosivo, estatista, etc.; devido ao moralismo conservador, etc.). No segundo turno, outros setores do bloco dominante passaram a apoiar Bolsonaro, sendo sua maioria. Uma pequena parte apoia o PT, seja por interesses e antigos "negócios" durante os governos petistas, seja por questão moral e outras ou por medo do bolsonarismo. Por fim, para o bloco revolucionário tanto faz qual bloco está no governo, mas em certas situações um determinado governo pode ser, involuntariamente, mais útil para a luta dos trabalhadores do que outro, apesar de que, na atual conjuntura, se o ritmo de acumulação de capital não for retomado, em qualquer um haveria uma tendência a conflitos e crises. Grato!

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  3. Também com o PT® no poder, tinha de surgir Bolsonaro. Bolsonaro é conseqüência do petismo™. Enquanto o PT© tentava destruir FHC diariamente, surgia por trás e, sorrateiramente, Bolsonaro!
    PT™?
    “Muito engana-me, que eu compro”
    E o PT®? Qual o poder constante de sua propaganda ininterrupta?
    Eis:
    Vive o PT© de clichês publicitários bem elaborados por marqueteiros. Estilo do brilhante e talentoso João o Milionário Santana. Nada espontâneo.
    Mas apenas um frio slogan (tal qual “Danoninho© Vale por Um Bifinho”/Ou: “Skol®: a Cerveja que desce Redondo”/Ainda: “Fiat® Touro: Brutalmente Lindo”). Não tem nada a ver com um projeto de Nação.
    Eis aqui a superficialidade do PETISMO:
    0.“Coração Valente©”
    1.“Pátria Educadora™” [Buá; Buá; Buá].
    2.“Pronatec©”
    3.“A Copa das Copas®”
    4.“Fica Querida©”
    5.“Impeachment Sem Crime é Golpe©” [lol lol lol]
    6.“Foi Golpe®”
    7.“Fora Temer©”
    8.“Ocupa Tudo®”
    9.“Lula Livre®”
    10.“®eleição sem Lula é fraude” [kuá!, kuá!, kuá!].
    11.“O Brasil Feliz de Novo®”
    12.“Lula é Haddad Haddad é Lula®” [kkkk]
    13.“Ele não®”.
    14.“Minha Casa, Minha Vida©”
    15.“Saúde não tem preço®”
    16.“Haddad agora é verde-amarelo®” [rsrsrs].
    17.“Rede cegonha©”
    18.“LUZ PARA TODOS™” (KKKKK).
    19. (…e agora…): “Ninguém Solta a Mão de Ninguém©”
    20.“Água para todos©” (é mesmo?)
    21.“Mais Médicos®”
    22.PT = “Controle social da mídia" [™] (hi! hi! hi!): desejo do petismo.
    23.“Brasil Carinhoso©” [que momento açucarado].
    24.“Bolsa Família®”
    25.“SKOL®: a Cerveja que desce RedondO”.
    PT© é vigarista e aderente ao charlatanismo.
    Vive de ótimos e CALCULADOS mitos publicitários.
    É o tal de: “me engana que eu compro”.
    Produtos disfarçados, embalagens mascaradas e rótulos mentirosos. PT!
    Nós todos apreciamos consumir alguma coisa, com certa constância. Então isso seria bom... Mas não nesse caso. PT™ é um farsa, um simulacro.

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