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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tropicalismo - A Ambivalência de um Movimento Artístico



TROPICALISMO: A AMBIVALÊNCIA DE UM MOVIMENTO ARTÍSTICO

Nildo Viana

O presente trabalho busca apresentar uma interpretação do Tropicalismo enquanto fenômeno histórico e social do mundo artístico. A hipótese que buscaremos confirmar aqui é a de que o Tropicalismo se caracteriza pela ambivalência. Não se trata da idéia de que o Tropicalismo unia o arcaico e o moderno e sim de que ele era um movimento artístico ambivalente. A união do arcaico e do moderno é apenas a expressão na obra de uma ambivalência existente no próprio movimento, que, ao contrário do que colocam certas teses, não era nem “revolucionário” nem conservador.
Antes de buscar fundamentar esta hipótese, iremos apresentar uma abordagem sobre o método de análise. Este é um ponto fundamental. É a partir daí que iremos buscar interpretar o movimento tropicalista. A partir da discussão em torno do método será possível verificar o que nos propomos no presente trabalho: explicar o Tropicalismo e isto implica em ultrapassar as visões formalistas que buscam apenas descrever o seu processo de construção das letras e melodias.
A nossa explicação do Tropicalismo parte tanto de sua contextualização histórica, que explica a razão de ser de sua existência e de seu posicionamento, quanto da análise das letras das músicas, que explicita qual era este posicionamento.
Para efetivar esta análise, partiremos do método dialético para reconstituir as determinações deste fenômeno e seu significado. Dedicaremos o primeiro capítulo para apresentar as bases teórico-metodológicas que apresentam relevância para fornecer o processo de explicação do tropicalismo. Isto é importante tendo em vista que a maioria dos textos e obras sobre música popular não ultrapassam a descrição, ficando na superfície do fenômeno. A discussão metodológica se torna necessária para superar a aparência do fenômeno e revelar sua essência.
O segundo capítulo apresenta uma discussão sobre as condições de possibilidade do tropicalismo e seu caráter ambivalente. Assim, a constituição social e histórica do tropicalismo é apresentada, bem como sua concepção esteticista. A reconstituição da formação histórica do tropicalismo e de sua concepção de arte é fundamental para perceber o seu caráter ambivalente, tal como é desenvolvido nos capítulos seguintes.
O terceiro capítulo aborda a relação entre tropicalismo e política, isto é, o posicionamento políticos dos integrantes do movimento em contexto histórico marcado por conflitos políticos, ditadura militar, e uma forte presença da esquerda oficial no meio estudantil e junto à intelectualidade. Assim, as disputas políticas e estéticas aparecem mescladas e isto contribui para a percepção do caráter ambivalente do tropicalismo.
No quarto capítulo buscamos comprovar nossa hipótese da ambivalência do tropicalismo através da análise das letras de algumas das músicas mais representativas do movimento tropicalista, bem como as que se revelavam opostas, o que reforça a tese da ambivalência.
Assim, o tropicalismo recebe uma análise que parte da totalidade deste fenômeno artístico, colocando o processo social e histórico de sua constituição, o clima e disputas políticas e estéticas, o papel dos meios oligopolistas de comunicação, as ideologias estéticas, a relação com a política da época, algumas das principais interpretações deste movimento, e a análise de algumas das principais letras musicais produzidas pelos tropicalistas. Assim, o procedimento descritivo ou que parte apenas de interpretações arbitrárias das letras, através do isolamento fantástico delas, não é realizado aqui, e sim uma análise da totalidade do fenômeno.

Veja abaixo o livro completo:

Tropicalismo - A Ambivalência de um Movimento Artístico
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