CAPITALISMO, BUROCRACIA E AUTOGESTÃO
Nildo Viana
O modo de produção capitalista ,ao que tudo indica, está próximo de uma nova grande crise. Isto coloca, para nós, o problema de quais são as alternativas que existem ao capitalismo. Do nosso ponto de vista, só existem duas possibilidades históricas que possuem forca suficiente para se materializar: a autogestão e o modo de produção burocrático. Como em outra oportunidade tratamos dessa primeira possibilidade (“A autogestão como conteúdo do novo ciclo revolucionário” in: BMC, ano 1, n.3, dez/94), focalizaremos focalizar aqui apenas a segunda.
Se a autogestão é produto da classe operaria, o modo de produção burocrático é produto de qual classe social? A resposta é obvia: da burocracia. O capitalismo realiza uma expansão da divisão social do trabalho numa escala nunca vista antes na história da humanidade. Neste processo de expansão cria-se várias classes sociais, sendo a burguesia e o proletariado as duas classes fundamentais deste modo de produção. A burguesia, para combater as classes exploradas cria a sua principal classe auxiliar: a burocracia (também chamada de ”tecnocracia” e de “classe dos gestores”). Portanto, o capitalismo cria como seu produto mais genuíno as seguintes classes: a burguesia, o proletariado e a burocracia. A partir daí a superação do capitalismo pode ocorrer através da implantação da autogestão, expressão dos interesses do proletariado, ou do modo de produção burocrático. Daí a importância da compreensão do fenômeno burocrático, pois a burocracia pode ser um obstáculo à revolução autogestionária.
Marx dizia que o comunismo significa o controle consciente da “associação dos produtores” sobre as condições materiais e sociais de vida, ou seja, pelo planejamento coletivo autogerido. Os seus epígonos confundiram isto com a “planificação socialista do estado operário”. Assim, socialização e estatização dos meios de produção tornam-se equivalentes, já que é o estado, ou seja, a burocracia, que elabora o plano. Entretanto, a planificação estatal cria, quando predomina a “lei do valor“, o capitalismo de estado ou, quando ela não predomina, o modo de produção burocrático. Por conseguinte, esta, assim como todas as teses de um “estado de transição”, é uma ideologia da burocracia.
Portanto, observamos que existe uma classe social e um projeto político que buscam concretizar o modo de produção burocrático. Entretanto, este só pode existir se conseguir se “mundializar”, pois, caso contrário, poderá ser derrotado pelo capitalismo. É importante ressaltar que nos períodos de crise do capitalismo e de ascensão da luta operária, a burocracia apresenta-se como dirigente do processo visando a “burocratização do mundo”. A burocracia, por não possuir o papel fundamental que o proletariado tem nas relações de produção, só pode derrubar a burguesia com o apoio das classes exploradas ou então através da burocratização gradual da sociedade capitalista. Esta ultima possibilidade torna-se possível com a chamada “revolução tecnológica”, que ameaça abolir a “ lei do valor”.
Entretanto, a possibilidade de instauração de um modo de produção burocrático é muito remota. Isto se deve, em parte, à debilidade e às divisões internas da burocracia. Além disso, a burguesia e o proletariado são fortes obstáculos à sua concretização. Contudo, não devemos desprezar a “ameaça burocrática” e os perigos que ela representa à revolução proletária.
Artigo publicado originalmente em:
VIANA, Nildo. Capitalismo, Burocracia e Autogestão. BMC - Boletim do Movimento Conselhista. Ano 01, num. 04, Goiânia, maio de 1995.
Hello everyone, it's my first visit at this web site, and paragraph is really fruitful for me, keep up posting these articles or reviews.
ResponderExcluirmy webpage; how to make great coffee