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domingo, 26 de outubro de 2014

E agora, eleitor? Texto, vídeo e poesia

As eleições passaram. A pergunta que fica, tanto para os omissos quanto para os fervorosos defensores das candidaturas A ou B, é: e agora? para onde? Para quem, como eu, defendeu o voto nulo, havia um projeto: lutar pelo voto nulo para aumentar o protesto, deslegitimar a falsa democracia, mostrar que não é votando que se realiza mudanças, aliando isso à luta pela autoemancipação, autogestão, auto-organização e autoeducação. Esse momento, eleitoral, terminado, não encerra a luta, abre nova fase da mesma, sem o incômodo das eleições, há muita luta pela frente. O eleitor fervoroso após o ato do voto, em sua maioria, desaparece do cenário público, incluindo os intelectuais venais e intelectuais públicos de ocasião. A música de Paulo Diniz, abaixo, texto de Carlos Drummond de Andrade, bem como a versão feita por mim trocando o José pelo eleitor (e o vídeo com a música Marionete Consciente), fazem a pergunta daqueles que esbravejam de quatro em quatro anos e depois vão ficar vendo "a banda passar" e no máximo reclamar... e agora eleitor? Vai dormir ou vai agir? A desilusão vai servir para buscar nova ilusão? A desilusão deveria servir para lutar e não esperar que alguém resolva os problemas que somente a população pode resolver.

[Para desativar a música da Rádio Germinal, vá até o final do blog e aperte em pausa].

E AGORA ELEITOR?
Nildo Viana

E agora, eleitor?
A eleição passou
Você nada ganhou
Apenas se enganou

E agora, eleitor?
Seu candidato ganhou
Ele te enganou
Você é o perdedor

E agora, eleitor?
Seu candidato perdeu
Você apenas sofreu
Por um malfeitor

E agora, eleitor?
Vai para casa dormir
Com a consciência tranquila
Para assim se omitir
Na luta cotidiana na vida

E agora, eleitor?
Vai se refugiar na vida privada?
Fugir da luta e da ação
Esquecer que escolheu a canoa furada

E agora, eleitor?
Deixará de ser "ativo"
Voltará a ser passivo
E compactuará com o terror

E agora, eleitor?
Só voltará com os políticos profissionais
Daqui a quatro anos, anos eleitorais
Como gado preso nos currais

E agora, eleitor?
A fome e o desemprego vai aumentar
Você vai apenas lamentar
E esperar novamente para votar

E agora, eleitor?
O mal menor vai ser seu mal
O menos ruim vai lhe arruinar
Escolher nesse caso é fatal

E agora, eleitor?
Vai dormir ou vai agir?
Vai reproduzir o engano
Vai ser humano ou desumano?

E agora, eleitor?
Vai lutar e mudar de verdade?
Ou vai continuar eleitor?
E agora, eleitor?
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