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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Os Movimentos Sociais - Uma análise crítica



VIANA, Nildo. Os Movimentos Sociais. Curitiba: Editora Prismas, 2016.

O livro Os Movimentos Sociais é uma introdução a uma teoria dos movimentos sociais numa perspectiva marxista. Ele cumpre o papel de superar a lacuna da falta de uma teoria dos movimentos sociais na abordagem marxista, além de trazer diversos elementos que podem ser aproveitados em concepções não-marxistas. A obra consegue inovar no sentido de apontar um novo conceito de movimentos sociais, mais profundo e embasado que na maioria dos casos, e apresentar relações antes pouco desenvolvidas por outros autores, tal como na relação entre movimentos sociais e mercantilização ou burocratização.

Assim, a obra inicia com o conceito de movimentos sociais, base de todo o desenvolvimento posterior, inserindo esse fenômeno social na totalidade das relações sociais. O conceito de movimentos sociais apresentado vai além dos demais existentes por estar fortemente embasado em uma perspectiva teórico-metodológica e por não ser construído a partir de uma derivação de um movimento social particular e sim como sendo expressão do que é característico do conjunto dos movimentos sociais. Um dos méritos reside na distinção entre movimentos sociais e suas ramificações, apresentando uma interessante discussão sobre a diferença entre um movimento social em sua totalidade (tal como o movimento negro) e suas partes derivadas (organizações, ideologias, tal como o MNU – Movimento Negro Unificado, Frente Negra, Partido dos Panteras Negras, etc., que são organizações oriundas do movimento negro e não ele em si).

Após uma longa discussão e fundamentação do conceito de movimentos sociais, passa-se para uma análise da relação entre esse fenômeno e as lutas de classes. Isso é realizado nos demais capítulos, sendo que nesse focaliza apenas a questão da composição social (de classe) e da hegemonia interna nos movimentos sociais, gerando suas variedades (movimentos sociais conservadores, reformistas e revolucionários). Essas variedades de movimentos sociais estão intimamente ligadas à sua composição social e hegemonia interna.

O processo analítico continua com a análise do modo de produção capitalista, da acumulação de capital e seus efeitos sobre o movimentos sociais. Nesse capítulo, ganha destaque a discussão sobre mercantilização promovidas pela dinâmica capitalista, bem como a relação dos movimentos sociais com tal processo e com os regimes de acumulação, gerando “ondas de mercantilização”, que se aprofundam cada vez mais. A discussão sobre movimentos sociais e Estado tem como mérito analisar as formas de relação entre ambos. Nesse momento, aborda questões como cooptação, omissão, repressão (e criminalização), burocratização, entre outros aspectos, a partir da iniciativa estatal, e as orientações estatistas e civilistas, a partir da iniciativa dos próprios movimentos sociais. Na parte dedicada à análise da sociedade civil, os movimentos sociais aparecem em sua relação com a burocratização, com os partidos políticos, bem como destaca os conflitos sociais e existência dos movimentos sociais populares, ligadas às classes sociais desprivilegiadas. Por fim, a questão cultural é apresentada em toda sua complexidade, envolvendo as produções intelectuais (ideologias, representações cotidianas, crenças, etc.) e sua relação com os movimentos sociais, as lutas de classes e todo o processo social. A questão da produção social da cultura, da sua eficácia prática, bem como de seu caráter ilusório ou verdadeiro, são abordados no interior da dinâmica da sociedade e dos movimentos sociais.


Em síntese, é uma obra abrangente sobre os movimentos sociais, abarcando os mais variados aspectos dos mesmos, numa síntese teórica que explicita o que são os movimentos sociais, qual sua dinâmica e tendências na sociedade capitalista.


Texto da orelha do livro:

O livro de Nildo Viana trata de um dos temas mais relevantes na atualidade: os movimentos sociais. A relevância decorre de vários motivos, incluindo a grande quantidade de movimentos que vemos na atualidade, movimentos muitos diversos na sua composição social e nos seus objetivos. Apesar disso, existe uma lacuna teórica no que diz respeito aos movimentos sociais, pois a maioria dos autores tende a partir de uma concepção empiricista para definir os movimentos sociais e isso provoca muitas confusões na definição do conceito de movimento social. Uma das contribuições de Nildo Viana está na separação entre movimentos sociais e movimento de classe e também na discussão sobre transformação social. Nesta obra o leitor encontrará subsídios teóricos para refletir sobre os rumos que os movimentos sociais apontam para a sociedade: eles contribuem para a transformação social ou dificultam? A ascensão dos movimentos sociais no século 20 tem relação com o declínio dos movimentos de classes? São questões que o presente livro analisa e contribui com a reflexão do leitor.

André de Melo Santos

Trecho do Prefácio:

O livro Os Movimentos Sociais, de autoria de Nildo Viana, chega em boa hora. Trata-se de uma demonstração de que o pensamento autônomo, livre, instigador é possível em época de capitalismo neoliberal conformista.

O que propõe o autor é refletir e delinear uma conceituação acerca dos movimentos sociais apresentando, ao longo do livro, uma análise, que de modo claro, apresenta os principais equívocos teóricos e históricos nas definições de movimentos sociais. Tanto os autores ditos “marxistas” quanto autores de diversas outras linhagens teóricas e metodológicas são repensados a partir de suas limitações conceituais.

Pensar os movimentos sociais no capitalismo contemporâneo significa realizar a crítica aos usos e abusos conceituais e nesse sentido, a obra que vem a público realiza com primor. A erudição do autor é facilmente perceptível a partir do trânsito por autores os mais diversos, fluindo daí uma análise singular e imprescindível para a compreensão dos movimentos sociais na sociedade capitalista contemporânea.
[..]".
Cleito Pereira dos Santos


SUMÁRIO





05 - Prefácio

09 - Introdução

25 - O Conceito de Movimentos Sociais

63 - Movimentos Sociais e Luta de Classes

109 - Movimentos Sociais, Capitalismo e Acumulação de Capital

133 - Movimentos sociais e Estado

151 - Movimentos sociais e Sociedade Civil

173 - Movimentos sociais, Cultura e Ideologia

203 - Considerações Finais

205 - Referências

Para adquirir, veja livrarias em todo o Brasil, livrarias virtuais (Cultura, Saraiva, etc.) e no site da editora:
http://editoraprismas.com.br/produto/7843548/Os-Movimentos-Sociais

domingo, 15 de maio de 2016

Regimes de Acumulação e Épocas Literárias



A sociologia da literatura já acumulou um conjunto de contribuições analíticas sobre o fenômeno literário e iniciou esse processo no século 19 e que vem recebendo novas contribuições até a atualidade. Dentre as diversas tendências que emergem na análise social da literatura, a abordagem marxista é uma das que mais se destaca. Desde os escritos de Marx e Engels (1986) sobre literatura, passando por diversos outros autores, até chegarmos a pensadores contemporâneos como Terry Eagleton (1997), temos um conjunto de abordagens marxistas ou influenciadas pelo marxismo que são contribuições para se pensar o fenômeno literário. É possível acrescentar, nesse caso, as contribuições oriundas das discussões sobre arte em geral realizadas por autores representantes ou influenciados pelo marxismo.

         Essas contribuições, que formam um amplo conjunto, são interessantes para uma análise social da literatura. No entanto, o nosso objetivo aqui não é rediscutir a sociologia da literatura e nem a análise marxista da literatura[1]. O nosso objetivo é analisar um elemento mais específico, embora totalizante, que é a relação entre regimes de acumulação e literatura, ou, mais precisamente, analisar as épocas literárias e o seu processo de constituição social. Sem dúvida, a sociologia da literatura aponta para diversas abordagens que se aproximam dessa temática, que podem ser muitas vezes distintas e até antagônicas, que não cabe aqui discutir. Mesmo no interior da produção analítica influenciada pelo marxismo há um conjunto de abordagens que são perpassadas por essa mesma temática.


Texto Completo na Revista Sísifo acessível em:

http://www.revistasisifo.com/2016/05/regimes-de-acumulacao-e-epocas.html

Veja Também:

http://informecritica.blogspot.com.br/2011/01/literatura-critico-progressiva-de-lima.html

Dossiê Literatura: Revista Ciências Humanas.