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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Esperanto: Língua Universal


Esperanto: Língua Universal


Nildo Viana

A linguagem sempre foi um instrumento de poder nas sociedades de classes. Vários pesquisadores ressaltaram que a linguagem serve ao processo de dominação e é perpassada por conflitos e no interior desta luta predomina quem detém o poder. O marxista Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da Linguagem, aponta alguns elementos neste sentido e afirma que o signo é palco da luta de classes. Ardiner criou a teoria dos grupos silenciados, onde apresenta a tese de que os grupos dominados não conseguem manifestar sua própria linguagem e quando o fazem, buscando resistir, isto ocorre na linguagem dos dominantes. Poderíamos citar Semama, Foucault, e outros pensadores que trataram desta temática, porém, nenhuma referência é feita por eles ao problema da linguagem em sua relação com a nação. Poucos se dedicaram, de um ponto de vista crítico, ao problema das línguas nacionais. Este é um problema real e tendo em vista as relações internacionais desiguais e fundamentadas na exploração e na dominação, deve ser tratado por todos aqueles que querem construir um mundo radicalmente diferente.

Derivado disto surge algumas propostas referentes a uma transformação da linguagem. Zamenhof criou e propôs o esperanto enquanto língua internacional. Esta proposta é libertária já que acaba com a supremacia de línguas nacionais sobre outras, produto e ao mesmo tempo reforço de sua dominação na esfera financeira e cultural. Por isso devemos lutar pela generalização do uso do esperanto enquanto segunda língua, posterior a primeira língua, que continua nacional. Isto serviria para facilitar a comunicação internacional, aboliria o problema da tradução de textos (o próprio autor poderia produzir nas duas línguas e assim a versão em esperanto seria acessível ao resto do mundo), deixaria de existir a necessidade de se aprender diversas línguas. A primeira grande vantagem de tornarmos o esperanto uma língua internacional efetivamente reconhecida por todos os países reside no fato dela não ser a língua nacional de nenhum país e, portanto, não expressar nenhuma forma de dominação de uma nação sobre outra. Neste sentido, o esperanto é libertário. Além disso, o esperanto é a língua de mais fácil aprendizagem, pois só possui 16 regras gramaticais e a sua pronúncia é equivalente à escrita.

O esperanto se torna mais importante com o surgimento e expansão da Internet. Milhões de pessoas têm acesso à rede mundial de computadores e falando as mais distintas línguas. Alguns falam francês, russo, alemão, italiano, inglês, espanhol, português, chinês, etc. e vários indivíduos dominam três ou mais línguas mas ninguém domina todas e a comunicação, possível tecnologicamente, se torna inviável praticamente. Assim se torna necessário expandir, junto com a Internet, o esperanto, para facilitar a comunicação internacional.

Desta forma, consideramos que contra o imperialismo cultural norte-americano com a língua inglesa, que um sociólogo brasileiro no bojo do entusiasmo com a ideologia da globalização chegou a afirmar que se tornaria "língua universal", devemos defender a emancipação lingüística da humanidade, acabando com a torre de Babel, mantendo nossa língua nacional e ao mesmo tempo desenvolvendo uma língua internacional. Sendo assim, devemos lutar pela divulgação e expansão do uso do esperanto na Internet e fora dela, como "segunda língua", em todas as nações.

________________________
Artigo publicado originalmente em:
Boletim Ikaria Virtual, número 9, sábado, 06 de Novembro de 1999. pp. 1-2.
http://www.ikariavirtual.com/

9 comentários:

  1. Olá Nildo Viana, Gostei muito da postagem sobre a língua Esperanto. Já compartilhei no meu facebook,twitter e sonico.
    Parabéns!
    Abraços!
    Ari
    http://esperantomaceio.blogspot.com/

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  2. Ari, grato! Vou colocar seu blog na minha lista de blogs. Abraços, Nildo.

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  3. Prezado Nildo Viana,
    Que bom ter encontrado casualmente o link do teu blog. Já me incluí entre os teus seguidores. Também sou esperantista e compartilho de grande parte das tuas opiniões com relação à sociedade do nosso tempo, as políticas sociais, a conjuntura econômica. Acho que tenho muito a aprender contigo. Espero encontrar o necessário tempo pra ler o máximo possível das tuas postagens sobre os diferentes e interessantes tópicos do blog.
    Meu abraço fraterno e votos de crescente progresso.
    Sergio Sersank
    Blog "Estado de Espírito" (Poemas)
    http://sersank.blogspot.com

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  4. Sersank, fico contente em que tenha sido útil, vou acompanhar seu blog também. Grato e abraços!

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  5. Olá, Nildo Viana!
    Minha primeira aula na universidade foi com um estudo de um texto seu! Inesquecível!
    E é completamente prazeroso encontrar aqui um texto ressaltando o quão importante é o problema linguístico, e o quão necessário é aplicar um caráter neutro à comunicação internacional, desenvolvendo assim a democracia linguística, que afinal de contas, beneficia a todos.
    Falo Esperanto desde meados de 2006, quando iniciei meu estudo.
    Estou felicíssimo com esse texto - e muitos outros - que já encontrei por aqui!
    Um abraço - ou em esperanto - Brakumon!

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  6. Prezado Nildo, parabéns pelo seu texto. Só discordo do nome "língua universal". Esperanto não é uma língua universal no sentido político, pois universal dá uma ideia de poder massacrante de cima para baixo e tornando-se única sem se importar com as demais culturas e línguas. O inglês trilha nessa via, o Esperanto não. O Esperanto foi criado para ser uma língua inter-nacional, entre nações, uma verdadeira língua auxiliar e os esperantistas defendem a democracia linguística no seu "Manifesto de Praga". O Esperanto é uma língua política muito ao estilo dos conceitos da revolução francesa, de liberdade, igualdade e fraternidade (traduzido na atualidade por cultura da paz). Vamos deixar esse conceito de universalidade para outras situações mais fortemente dominantes. Vamos valorizar no Esperanto nos conceitos de democracia plena para todos os povos, sempre se amoldando às culturas e línguas. Tudo tem que ser preservado e o Esperanto objetiva isso. Aliás a plasticidade do Esperanto como língua mostra a sua capacidade de traduzir para o idioma internacional todas as culturas do mundo, sem deixar de se entender como a diversidade é uma coisa valiosa. Só vivendo o Esperanto para se sentir isso.

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  7. Gabriel,

    Fico muito contente que esteja gostando dos textos e que lhe foram úteis.
    Grato por suas palavras gentis.

    Sobre o esperanto, seria fundamental ampliar e conseguir avançar no seu uso como segundo idioma em todo mundo.

    Qualquer necessidade, basta me contactar.

    Abraços!

    Nildo.

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  8. Adonis,

    Grato!!

    Sobre a questão do uso de "língua internacional" ou "língua universal", existem posições diferenciadas e isto remete a outras questões. No caso, uso o termo universal por discordar de inter-nacional, já que tal termo pressupõe o reconhecimento das nações e suas divisões, enquanto que, da perspectiva autogestionárias, as nações devem ser superadas por uma comunidade humana universal, e o esperanto, nesse caso, seria o segundo idioma da população mundial, ao lado do idioma "nativo".

    Abraços,

    Nildo.

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