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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Lucas Maia lança livro sobre Comunismo de Conselhos e Autogestão Social




MAIA, Lucas. Comunismo de Conselhos e Autogestão Social. Pará de Minas, Virtualbooks, 2010.


APRESENTAÇÃO

Este texto é um conjunto de ensaios escritos entre 2007 e 2009. Tem como temática central o comunismo de conselhos e Autogestão Social. Naturalmente que um não pode ser entendido separadamente do outro. O comunismo de conselhos é uma tendência política que expressa teoricamente o movimento operário quando este faz de sua praxis a expressão de seus interesses históricos. A Autogestão Social é o objetivo a ser concretizado por tal movimento. Assim, comunismo de conselhos e Autogestão Social formam um todo indissolúvel, sendo aquele uma das formas de expressão teórica desta. A história do conselhismo é a história do movimento operário. Quanto mais radical é o proletariado, mais radical se torna sua teoria. Entretanto, isto não implica que os conselhistas ficam sempre a reboque do movimento operário. Quando este é conservador e reformista, cabe àqueles indivíduos e grupos realizar uma severa crítica. Como diria Marx, não importa o que um operário ou mesmo o conjunto do proletariado pensa de si mesmo em determinado momento histórico. O que é fundamental mesmo são seus interesses históricos de classe. O proletariado empírico (este que está aí espalhado pelas estrias da sociedade capitalista) não é expressão dos interesses históricos de classe do proletariado. O proletariado empírico é aquele organizado para e pelo capital. Serve ao capital e em não raros casos defende as relações capitalistas. Pelo contrário, o proletariado revolucionário é aquele que no processo de luta contra o capital adquiriu consciência de seus interesses históricos e dentre tais interesses o principal é a abolição da sociedade capitalista, das classes sociais e a sua própria abolição enquanto classe social. É este proletariado que o comunismo de conselhos expressa e explica teoricamente. A própria história do conselhismo é marcada por esta tendência sempre constante em expressar as frações mais radicais (revolucionárias) do proletariado. É por causa disto que a crítica às demais tendências políticas existentes no seio do movimento operário foram sempre efetivadas pelos conselhistas. Os autores e grupos políticos que se reivindicam do marxismo e do comunismo de conselhos sempre quiseram demarcar com muita clareza seus pontos de vista e interpretações teóricas. É pesando nisto que reunimos nesta publicação este conjunto de ensaios. O primeiro, “Origens e Princípios do Comunismo de Conselhos”, apresenta uma interpretação, mesmo que muito rápida, das idéias seminais do comunismo de conselhos. Não foi o objetivo realizar uma vasta pesquisa histórica a respeito desta tendência, mas tão-somente deslindar, demonstrar seus aspectos estruturais. O segundo, “A Perspectiva Conselhista”, é uma tentativa de aprofundar o debate acerca dos elementos que dão unidade e autonomia ao pensamento conselhista. Demonstrar, com profundidade, quais aspectos do conselhismo o diferenciam das demais tendências: social-democracia, bolchevismo, anarquismo e bordiguismo foi a ambição do ensaio. Isto é necessário, pois fazer uma leitura de conjunto das várias tendências que compõem a história do movimento operário, comparando-as umas às outras, explicitando seus limites e contradições é uma tarefa que nosso estudo somente iniciou, mas não concluiu. Mas o fizemos partindo de uma perspectiva, a perspectiva do proletariado. Julgamos ser o conselhismo a tendência que melhor expressou teoricamente os interesses históricos do proletariado. Assim, a perspectiva conselhista é simultaneamente a perspectiva do proletariado, o que não a isenta, entretanto, de limites de análise e contradições. O ensaio seguinte, “Os Conselhos Operários de Anton Pannekoek: uma Utopia Concreta da Revolução Proletária” evidencia claramente esta afirmação. Os Conselhos Operários é uma das obras fundamentais deste autor, um dos principais teóricos do comunismo de conselhos. Escrita durante e após a segunda guerra mundial, este texto é produto de reflexões de décadas por parte do autor acerca da prática revolucionária do proletariado nas primeiras décadas do século 20. Como dissemos, o comunismo de conselhos expressa os interesses históricos do proletariado. Tentamos demonstrar isto analisando a obra de Pannekoek pelo viés defendido por Ersnt Bloch em seu “Princípio Esperança”. Bloch, ao apresentar o conceito de utopia concreta, ou seja, aquele conjunto de relações, desejos, projetos que existem em nossa sociedade como tendência, demonstra claramente que o devir é uma categoria do real existente. É com base neste pressuposto que analisamos Os Conselhos Operários de Anton Pannekoek, demonstrando que ele, ao analisar o movimento revolucionário do proletariado, coloca de maneira cristalina a possibilidade de se concretizar uma outra sociedade, a sociedade autogerida. O ensaio seguinte “Autogestão: Desejo e Possibilidade” apresenta algumas notas acerca do que é a Autogestão Social, mas mais do que defini-la, o que importa neste texto é a demonstração de que para se compreender verdadeiramente o que é Autogestão Social, é necessário desejá-la. A Autogestão é uma possibilidade concreta, uma utopia concreta, para utilizar expressão de Ernst Bloch. Mas a nossa realidade é prenhe de inúmeras possibilidades. Se o devir é necessariamente uma categoria do agora, do hoje, do real-presente, que devir nós desejamos? O fim das classes sociais e a autogestão social ou a barbárie generalizada? Encerramos o livro com o ensaio “Espaços Públicos e Espaços Coletivos: do Encontro à Esperança”. Novamente, permitimos que o ainda-não-consciente se manifeste concretamente. Enquanto Freud e a psicanálise em geral dedicaram toda sua energia à compreensão do inconsciente, ou seja, aos elementos reprimidos do passado; o ainda-não-consciente é a antevisão ou a percepção de tendências existentes concretamente. O inconsciente revive o passado, o ainda-não-consciente goza o futuro, analisando concretamente as tendências do presente. A criação de espaços coletivos na sociedade burguesa é expressão de uma tendência em nossa sociedade, compreendê-la e decifrá-la é nossa obrigação. Este ensaio dá os primeiros passos, cabe a todos nós continuarmos a fazer o caminho, pois como disse Bertold Brecht “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar".

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